sábado, 23 de abril de 2011

My shoes took me for a walk


Engraçado como "Ratatouille" sempre me emociona: não sei exatamente o que do filme, mas as últimas cenas sempre conseguem me comover. Talvez por achar que me pareço com o Ego, o crítico gastronômico: cético, discrente de quase tudo, amargurado, mas que se vê surpreendido diante do inusitado, do novo.

Talvez porque eu viva esperando essa surpresa na virada da esquina. Quando eu era mais novo, sentia que alguma coisa boa poderia acontecer, a qualquer momento e o que eu precisa fazer era, apenas, estar preparado para viver este momento.

E a medida que eu fui ficando mais velho eu perdi essa sensação: passei a conhecer as ruas, os caminhos. Não há nada que eu já não conheça na virada da esquina.
...
Os meus pensamentos são recorrentes e as minhas angústias pouco evoluem. Não sei se o problema sou eu, que insisto em dar sempre os mesmos passos, ou se são as ruas, que insistem em serem sempre as mesmas.
(Isso faz sentido pra vocês?)
...
Vai ver que é por isso que um dos meus prazeres é comprar sapatos: já que preciso percorrer sempre a mesma estrada, que pelo menos seja com calçados diferentes. Novos de preferência.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

O silêncio que precede o esporro


E tudo voltou a calmaria de antes: as vacas na frente, puxando a carroça.
Que agora viaja leve.
Bem leve.
...
Mas lá dentro, bem fundo, ainda há aquela inquietação, aquela vontade, aquele desejo de ver tudo isso pegar fogo, de ver a loucura se instaurar.