sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

Momento

Revisitando meu Blog, eu vejo que já “vivi” um pouco. Todos os textos que escrevi foram baseados em momentos que tive. Mas, ultimamente, não estou escrevendo tanto quanto antes. Por uma lado, isso se deve a minha dificuldade em me concentrar.
Mas a diminuição dos textos se dá, principalmente, pela falta de momentos especiais em minha vida (e me refiro aos sentimentos, numa perspectiva bem romântica). Antes, eu me empolgava (atingindo um estado de euforia incontrolável) com um simples telefonema. Entregava-me às sensações e sentimentos que eram apenas meus.
Hoje, eu preciso de um pouco mais do que telefonemas frios e mensagens diretas. Eu preciso sentir que o sentimento pode existir de ambos os lados e que possa fluir naturalmente.
Talvez eu esteja passando por esse momento justamente porque eu prometi pra mim mesmo que não me entregaria tão facilmente e que daria um tempo na “procura”; porque todas as vezes que eu agi dessa forma (me entregando e sentindo algo muito antes de ter a certeza se poderia sentir), a única coisa que eu consegui foi me decepcionar.
Não é que eu tenha perdido todo o meu lado romântico e tenha me tornado um cético. Não! Eu não conseguiria viver assim: ainda preciso acordar e sentir uma sensação de que grandes possibilidades podem acontecer a qualquer instante.
Eu apenas estou cansado de me iludir e me decepcionar. É difícil recuperar-se sozinho. Superar toda a decepção e voltar a sentir-se bem demora um certo tempo. E é cansativo. Cansa procurar forças dentro de si mesmo para se restabelecer.É por isso que eu venho fugindo de situações que possam me deixar assim. Uma parte de mim foge por medo. Medo de reviver todo esse dramalhão mexicano. Mas uma parte de mim também foge por querer manter esse momento no qual me encontro: calmo, tranqüilo, de bem comigo mesmo. E aberto às coisas boas (muito boas) que possam acontecer.

sábado, 26 de novembro de 2005

Emoções e Sentimentos

Em um dos pontos da minha autodescrição do Orkut, eu digo que “Escrevo. E arrumo esses textos como um álbum de fotografias: lembranças de momentos que nunca vivi”. Antigamente, isso poderia até ser considerado como uma verdade, mas, atualmente, eu começo a duvidar dessa frase.
Relendo tudo aquilo que já escrevi, eu percebo que cada texto me faz lembrar de situações específicas e, de certa forma, especiais. Engraçado é sentir uma parte dos sentimentos que ali estão. Dentre tantos textos, eu vejo que já vivi alguns momentos.
Mas, mesmo tendo vivido esses momentos, por que eu insisto em dizer (e acreditar) que a minha vida é monótona?
Talvez eu insista em enxergar uma monotonia em minha vida porque ela não acontece da forma que eu espero. Uma das coisas que eu espero (e que é, também, o ponto comum entre todos as situações) é a intensidade (pelo menos, da minha parte). Todos esses momentos são marcados por sentimentos intensos, porém breves.
Segundo a psicologia, amor é sentimento e paixão é emoção. Enquanto o amor é brando e provoca pequenas alterações psicológicas, a paixão é intensa, porém efêmera e causa grandes variações psíquicas.
Engraçado, também, é reclamar da monotonia quando só viveu paixões. Talvez a intensidade e a impulsividade, aliadas a uma certa falta de controle, já tenham se tornado comuns à minha vida.
“Uma vida emotiva é ruim”, disse o J. quarta à tarde. E talvez até seja mesmo, pois quando se vive em função das emoções, os sentimentos (até mesmo os mais intensos) acabam se banalizando ou sendo banalizados. Você já está tão acostumado a ficar sem fôlego, seja por coisas pequenas ou por momentos intensos, que quando se encontra algo que pode ser real, você simplesmente deixa passar.
Não que a plena racionalidade seja a solução. Como sempre, o meio termo me parece a melhor opção. Saber ponderar e equilibrar a razão e a emoção ainda é o mais certo, porque você acaba encarando as situações com os pés no chão, mas sem se privar de sentir tudo o que deve quando algo bom acontecer.

sábado, 12 de novembro de 2005

Vida

Ultimamente, tenho me feito algumas perguntas bastante pessoais. Venho me questionando se, nesse exato momento da minha vida, eu realmente sou feliz. Honestamente, não acredito que possa dizer que estou feliz. Estou bem, mas longe de qualquer coisa maior do que isso.
Mas por que a felicidade nos parece ser algo tão necessário? Por que simplesmente não aceitamos o fato de que estar bem já pode ser algo extremamente bom?
É complicado falar desse tipo de felicidade quando não se tem muita noção do que realmente precisa ser feito para atingirmos esse estado. Vivo (ou pelo menos acredito que vivo), e isso já deveria ser suficiente.
Não que eu tenha pensamentos suicidas, apenas me pergunto o que realmente significa viver. Dessa vez, eu não quero procurar pelo significado nos dicionários, porque eu prefiro acreditar que ainda é melhor comprovarmos isso por conta própria.

E por que nós acreditamos que a felicidade precisa ser algo constante? Por que simplesmente não assumimos que, em alguns momentos, nós nos encontramos assim, meio que apáticos?
Talvez aquilo que sonhamos não seja uma utopia, mas sim o mais singelos dos desejos, nada tão difícil assim. E enquanto se vive tentando alcançar aquele ponto, por que não percebemos que são os pequenos momentos que completam todo esse tempo?
Mas viver se contentando com pequenos momentos não é uma forma de conformismo, ou até mesmo a pior das ilusões?
Hoje, eu não quero chegar a nenhuma conclusão. Prefiro ficar cheio de perguntas a descobrir (ou tentar descobrir) o que é o melhor a se fazer. Eu quero sim descobrir o que é preciso ser feito para sair dessa apatia, mas também quero ficar com alguns questionamentos. Porque, talvez, sejam essas perguntas que me farão perceber o que é melhor a se fazer.

sábado, 5 de novembro de 2005

Desculpas

Até que ponto os nossos atos são inocente? E em que ponto a inocência deixa de ser inocência e passa a ser estupidez?
Depois de uma conversa ao telefone, na qual eu ouvi um “Eu não quero te prender”, eu achei que meu relacionamento havia terminado. Mas, para minha surpresa (boa surpresa), aquela conversa não representou o fim. Por achar que isso havia acabado, eu fiz algo que não deveria.
Superficialmente, analisando a situação, o que parece?
Exatamente agora, eu me encontro diante de uma situação nova para mim: a minha pouca experiência em relacionamentos me faz cometer certos atos que podem ser interpretados de diversas maneiras.
A postura que me parece a mais certa é a verdade. Em nenhum momento eu menti ou omiti nada. Porque eu acredito que a verdade é fundamental, já que é ela quem solidifica a consideração.
Isso não quer dizer que todos os meus erros serão justificados se eles forem revelados. Talvez isso apenas me exima de sentir culpa, mas não vai fazer com que o erro, subitamente, se torne um acerto.
Talvez realmente tenha sido por inocência, ou talvez tenha sido só estupidez mesmo. Frida, no filme, fez um acordo com o marido: prometeram lealdade, mas não fidelidade. Honestamente, eu não quero fazer esse tipo de acordo com você. Eu preciso saber que somos leais e fieis aos nossos sentimentos.
Sei que isso pode parecer conversa para aliviar a culpa (e talvez até seja), mas eu não gostaria de prosseguir sabendo que, no fundo, ainda existe um certo rancor. Por isso, eu sinto que eu preciso pedir desculpas, porque, no final das contas, eu acabei magoando.
Também sei que ainda vamos passar por tantas outras dificuldades, mas (agora eu sei) nada vai ser tão ruim assim, porque eu acredito que estaremos juntos. E por mais cafona que isso tudo possa parecer, isso tudo é a verdade. Sem máscaras.

sábado, 29 de outubro de 2005

Carta

Segundo meu dicionário, “relação” significa a convivência entre pessoas. Mas, na prática, o que podemos definir como relacionamento? Convivemos com diversos tipos de pessoas, e a grande maioria não afeta a nossa vida de forma direta. Mas, aquela minoria que realmente nos importa, nos afeta de uma forma que dificilmente conseguimos explicar.
Nesse exato momento, eu prefiro me referir aos relacionamentos amorosos. Para mim, é difícil perceber quando se inicia uma e, mais complicado ainda, perceber quando se termina. Quando uma amizade se transforma em namoro e quando um namoro se torna apenas amizade?
Exatamente agora, eu me encontro em um relacionamento. Mas mesmo ainda sendo o começo, eu sinto que o fim se aproxima. Não por falta de carinho, mas eu, que sempre fui um romântico desesperado, encontro dificuldades em expressar o que sinto.
Outra coisa que me leva a creditar no fim é a ausência de contato. Embora eu saiba que no mundo real as pessoas possuem compromissos, eu sinto dificuldades em manter um relacionamento que se baseie em conversas pro telefone e marcar encontros que se adaptem a uma grade pré-estabelecida. “Quando é mesmo a sua folga?”.
Tudo isso faz com que a grande novidade da minha vida se transforme em uma rotina tão programada que chega a assustar de tão exata. E eu sei que nesse ponto eu entro em contradição: uma vez cheguei a dizer que queria um relacionamento sem novidades ou surpresas.
E tudo isso porque eu ouvi um “Eu não estou feliz”. Embora a conversa não fosse sobre nós (mas sim sobre as perspectivas de trabalho), se torna quase impossível um inseguro não tomar essa frase como fonte de tortura.
Não que eu queira provas de amor a todo instante, mas é que, de vez em quando, eu preciso saber de certas coisas. Eu preciso ouvir certas palavras e sentir certos carinhos. Sou carente, e isso é algo que nunca neguei. Eu sempre digo o que sinto e algumas outras coisas que eu sei que irão agradar. Mas eu também preciso ouvir ou, pelo menos, perceber.
Caso contrário, eu me deito nessa cama e escrevo coisas desesperadas como essa carta.

sábado, 22 de outubro de 2005

O telefone e a Insegurança

Por que todos os relacionemos se parecem com um jogo? No início, sempre percebemos os esforços que são feitos para conquistar o outro. Mas, com o passar do tempo, percebemos que as situações vão mudando. São como pequenos jogos, com regras bastante difusas, que se iniciam para testar o amor do outro.
Ontem à noite, tentando ligar para conversar um pouco, escuto apenas aquela gravação perturbadora: “Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagens...”. Como um bom garoto inseguro, me entrego á perguntas que dificilmente serão respondidas.
Uma das perguntas que mais me atormentam é: Por que a insegurança é um sentimento constante nos meus relacionamentos?
Fico me perguntando se o meu não é justamente me entregar precipitadamente, não deixando espaço para dúvidas e dando a certeza dos meus sentimentos. Mas, se isso for um erro, o que representará um acerto? Será que é preciso dissimular o sentimento para dar continuidade à relação?
Forçar as situações que mais me parecem eternos jogos de conquista não me parece o mais adequado a se fazer. Espera-se, de ambas as partes, sinceridade. Se um relacionamento deve se basear na cumplicidade, por que encobrir certos sentimentos?
Sei que a grande maioria dessas perguntas só serão respondidas depois de um certo tempo, mas também sei que muitas delas só surgem nos momentos de insegurança, e, por isso, jamais terão respostas.
Para mim, isso só demonstra o nível de paranóia ao qual eu me permito chegar. Afinal, tudo surgiu devido a um telefone desligado.
Mas a insegurança (não essa em um nível paranóico) pode ser algo absolutamente normal, pois sempre haverá o medo da perca.
Sim, sempre haverá esse medo. Mas, além de insegurança, também é preciso ter algumas certezas. E a primeira delas deveria ser a de amor-próprio. Porque, se há o medo da perca, é porque provavelmente já transferimos a nossa vida para o relacionamento. E isso não me parece nada sensato.
É claro que precisa haver uma entrega, mas isso não significa que ela precise ser uma doação completa.

Talvez eu deva aprender a controlar minha ansiedade. Mas até lá, eu vou aproveitar um pouco mais essa insegurança, porque talvez seja justamente ela que justifique tanto carinho. Porque, no final das contas, era só uma bateria descarregada.

sexta-feira, 14 de outubro de 2005

Ladainha

Engraçado perceber que depois de toda a ladainha, eu continuo me entregando às dúvidas. Se, por um lado, uma pequena certeza começa a nascer em mim; do outro, ela carrega consigo uma infinidade de pequenas dúvidas. E muitas delas nem deveriam existir, porque são meras alucinações da minha cabeça.
Mas, depois de algumas decepções, você se torna um pouco inseguro diante de novas experiências, porque não há quem nos garanta que tudo poderá ser diferente. Mas também não há quem nos dê a certeza de que será igual. Essa é uma dúvida que só acabará quando corrermos o risco de viver para comprovar qual das possibilidades irá acontecer.
“Quem tem medo do lobo mal?”
Não que esse sentimento seja ruim. Pelo contrário. Sentir toda essa felicidade é algo extremamente agradável. Pena que eu sou um garoto inseguro demais e que se deixa levar por esse medo inexplicável. Talvez não tão inexplicável assim, porque tudo o que se quer é manter a felicidade.
Correr o risco. Dar uma chance. Tentar ser feliz. Essas frases resumem bem o que devemos fazer. Mas não adianta repetirmos incansavelmente se, por trás dessa certeza dissimulada, ainda houver uma ponta de medo e insegurança.
Mas como nos livrarmos desse medo e dessa insegurança?
Talvez a solução não seja nos livrarmos do medo e da insegurança. Talvez esses sentimentos sejam necessários. O problema é quando você se entrega muito mais a eles do que à felicidade que se sente. O problema me parece justamente deixar a insegurança se sobrepor à alegria.
Sentir-me inseguro me parece absolutamente normal. Mas deixar de aproveitar essa oportunidade que me é dada, por conta do medo, isso sim me parece um erro.
Vou. Com toda a esperança e alegria que podem existir em mim. Mas vou sabendo que posso voltar e que posso sofrer. Embora não seja isso o que eu espere.

sábado, 8 de outubro de 2005

Azar

Hoje, logo quando acordei, quebrei um espelho. Se a história for verdadeira, terei sete anos do mais terrível azar. É bem verdade que eu não acredito em certas coisas. Mas, para certos assuntos, a sorte é extremamente necessária. Necessária sim, porque boa vontade e determinação não são suficientes para que algo aconteça. Em todos os assuntos, a combinação desses três elementos é fundamental. Mas é claro que existem as exceções.
Mas, nesse exato momento, não quero contar com as exceções. Viver e ter apenas uma pequena perspectiva, uma pequena crença não é nada bom. Digo isso por experiência própria. Seguir, achando que no meio da multidão existe uma exceção, é complicado. Complicado porque a multidão é grande demais e a minoria fica muito bem escondida. Difícil de ser achada.
Mas, por outro lado, vivemos nessa constante busca. E, em alguns momentos, essa busca me parece fazer muito mais sentido do que a finalidade: encontrar. Achar o que se procura nem sempre é a melhor parte. Mas se dedicar à busca, isso sim me parece prazesoro.
Embora, esse prazer também assuma uma característica de sofrimento. Quando não se encontra, a desilusão é tanta que se pensa em desistir. E, nesse instante, podemos nos culpar ou jogar toda a responsabilidade sobre os espelhos quebrados. Isso depende do nível de insanidade de cada um.
Então, qual seria a melhor saída? Tornar-se indiferente ou buscar incessantemente?
Tornar-se indiferente aos acontecimentos até pode ser a saída mais cômoda, mas, com certeza, a menos prazerosa. Acredito que nesse caso, a felicidade torna-se algo bonito apenas para ser visto, apreciado; e não vivido.
Já a busca incansável pode cansar. Mas, em compensação, quando se percebe uma pequena possibilidade de encontrar aquilo que se busca, a felicidade nos invade. Acompanhada de diversos outros sentimentos que, na minha opnião, só a tornam mais especial.
Isso é uma coisa que eu já repeti várias vezes, mas, para mim, é verdade. Eu prefiro acreditar em coisas incertas a me entregar a um ceticismo. Porque mesmo quebrando espelhos, o meu azar, no máximo, só vai durar sete anos.

sexta-feira, 30 de setembro de 2005

Crescer

E mais uma vez eu volto aqui e tento rever todas as coisas que já fiz e vivi até hoje. Admito que não foram tantas experiências assim, mas todas elas foram intensas, da sua forma, e me deixaram em um estado que, isso eu posso garantir, foram o mais completo que já me senti.
Engraçado perceber que essa sensação de completitude existiu justamente nos momentos em que eu senti que meus sentimentos estavam bagunçados. É como se a loucura dos sentimentos e a expectativa me fizessem bem.
Acho que já falei isso alguma vez, mas eu preciso dessa expectativa. Não que eu não esteja bem sozinho. Pelo contrário: hoje, eu realmente posso abrir a boca para falar que estou bem. Embora concorde que sempre se pode melhorar.
Hoje à tarde me peguei assistindo um filme adocicadamente romântico. E suspirei no beijo final. Porque, de certa forma, é o que eu espero para minha vida amorosa. Não que eu queira passar por um grande problema e, no final, viver feliz para sempre. No final eu quero apenas me sentir feliz. Acompanhado e acompanhando.
Sábado passado fui ao cinema sozinho e me senti ser analisado. Por ter ido sozinho, recebi vários olhares. Os casais de namorados e os pares de amigos me olhavam da mesma forma com que apreciamos a estranheza. Mas, no final, me senti orgulhoso por ter ido ao cinema de um shopping em um sábado à tarde. Porque acabei encarando um dos meus medos.
Mas esse fato não fez com que eu tenha decidido viver só. Apenas passo a aceitar essa solidão da melhor forma possível. Não preciso convidar colegas insuportáveis ou fingir esperar alguém, na porta do cinema, que nunca vai chegar. Eu apenas fui comigo mesmo, viver uma vida que antes de ser dividida, deve ser apenas minha.
Apenas começo a aceitar o fato de que posso viver bem sem a loucura dos sentimentos. Agora, em relação à expectativa: isso, eu acho que nunca vou conseguir deixar de sentir. Mas, aos poucos, vou me tornando menos ansioso e mais realista. Se cada coisa deve vir a seu tempo, então o que posso fazer é apenas esperar.

terça-feira, 13 de setembro de 2005

Três

“Monogamia dói”. Foi essa a frase que eu li na parede de uma Universidade daqui. Mais tarde, quando chego em casa, conversando com um amigo, ele me pergunta se não estou “afim de um lance à três: eu, minha namorada e você”. Eu recuso. E ainda sou obrigado a ouvir a frase “Você é muito puritano”. Será que ficamos dependentes de uma terceira opinião?
Depois de visitarmos o W., a M. nos fala que o achou interessante, mas que não teria coragem de ficar sozinha com ele. Prontamente, me ofereço para ir ao cinema com eles. Agora, pensando bem, vejo que sugeri uma besteira. Por que a minha presença deveria facilitar as coisas? Por que achamos que a presença de uma terceira pessoa pode facilitar as coisas?
O mais engraçado é perceber quando a presença de um terceiro é válida. Se a relação está apenas se iniciando, ótimo. Mas quando ela já existe e surge uma terceira pessoa, normalmente, a sua presença não é bem vinda. Não que o problema seja o fato de ela estar lá, mas sim a ameaça (real ou não) que ela representa.
Se um relacionamento deve existir apenas entre duas pessoas, por que colocar uma terceira na história? Seja no início do namoro ou durante a relação sexual. Por fetiche?
Ao meu ver, a luxuria é necessária para o ato sexual (isso eu percebi há pouco tempo), mas eu só consigo aceitar isso, quando ocorre entre um casal, entre duas pessoas. Não sei se pelo fato da minha visão romântica do mundo, ou se pelo meu egoísmo de menino mimado, mas algo que é meu é apenas meu. Não conseguiria compartilhar com outra pessoa. Ficaria inseguro. “E se o sentimento que você sente por mim diminuir?” E essa é uma dúvida com a qual eu não conseguiria viver.
Pode até não ser assim, mas eu sou. Acredito que um relacionamento existe apenas entre duas pessoas. As amizades são necessárias, mas uma terceira pessoa na cama é outra coisa. Certos sentimentos não podem ser divididos.
Se a idéia de uma terceira pessoa passar pela cabeça de alguém, talvez já seja a hora de seguir em frente.

terça-feira, 6 de setembro de 2005

Tempo

Tarde da noite e alguém chega para me dizer que o tempo para. Impossível discordar externamente, porque o estado alcoólico do sujeito não era dos mais propícios para uma conversa. Porém, internamente, eu discordo. Acredito que o tempo não para. Só porque a sua vida parece estar estagnada, não significa que o tempo parou.
Todos os dias você segue uma rotina e é a partir dessa rotina que você estabelece sua vida (ou seria o contrário?). Em alguns determinados momentos você se vê diante de uma oportunidade de mudança que, como toda mudança, gera novas expectativas diante do futuro. A decisão tomada foi de única responsabilidade sua.
O problema da impulsividade (do qual sofro) me parece ser justamente esse: decidir baseado naquele momento, sem se preocupar muito com o futuro. Em alguns casos, a decisão tomada traz alguns benefícios, mas, na maioria das vezes, não ponderar as idéias acarreta conseqüências não tão boas, das quais somos obrigados a aceitar.
Somos obrigados a aceitar o erro. Pelo menos a reconhecer que erramos. Mas isso não significa que devemos cruzar os braços e fingir que está tudo bem. “O tempo não para”. Não se pode querer voltar o passado e reparar o erro, mas podemos tentar concertá-lo, ou amenizar os danos.
Mas talvez o problema seja reconhecer que errou. Para mim, pior do que errar é não reconhecer a besteira que foi feita. Hombridade, para mim, não é cuspir no chão ou coçar o saco, mas ter a decência de assumir seus atos e encará-los.

O tempo não para porque nós não paramos no tempo. Estamos sempre procurando realizar nossos desejos e concertar os erros cometidos. O tempo não para porque nós não podemos parar no tempo. Encarar os erros, enfrentar os medos; talvez essas sejam as soluções para a construção de um futuro.

segunda-feira, 29 de agosto de 2005

Lembranças

“Você nunca vacila ao enfrentar os problemas mais difíceis”. Essa foi a minha sorte de hoje no orkut. E, pela primeira vez, duvidei do que li. Porque sou inseguro e sempre vacilo diante de qualquer situação.
Acredito que seja inevitável passarmos por situações complicadas e, dificilmente, alguém abrirá a boca para dizer que algo é extremamente fácil. Acredito que faz parte do ser humano vacilar e que são os nossos erros que irão nos fazer aprender.
E tudo isso me parece fazer mais sentido depois de rever “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”. Depois de viver um história, os personagens resolvem apagar todas as lembranças que tinham juntos, mas inevitavelmente se reencontram e ao tomarem consciência dos seus erros passados, ainda assim resolvem (re)iniciar essa nova história.
Existem situações pela quais devemos passar, sejam elas boas ou ruins, porque serão essas situações que irão dar forma a quem somos. Nossa vida está muito mais ligada aos nossos erros do que aos nossos acertos. Acredito que sou o que sou hoje devido às minhas decepções, aos meus erros e às minhas vaciladas. E fico feliz que seja assim.
Saber que errei me reconforta porque me prova que tive coragem o suficiente para enfrentar algo. Nesse aspecto, posso dizer que, realmente, não vacilo, porque não tenho dúvidas: se for pra me arrepender, que seja por algo que tenha sido feito.
Mas não me arrependo.
Mesmo tento sofrido, mesmo tendo chorado, mesmo tento feito milhares de outras coisas (coisas boas e ruins); mesmo assim eu não me arrependo. Porque são essas coisas que me permitem dizer que, por alguns instantes, eu vivi. E foram justamente essas coisas que tornaram as minhas experiências inesquecíveis.
São as minhas lembranças que me completam.

quinta-feira, 25 de agosto de 2005

Paixões

“Tinha perdido na espera a força das coxas, a dureza dos seios, o hábito da ternura; mas conservava intacta a loucura do coração”.
Paixão vai ser sempre paixão. Independente da idade ou das coisas que já se viveu, a emoção de se apaixonar ainda permanece. Mas aí chega outro e diz: “Você deve aprender com os erros”. E se a lição que tiramos é de que a paixão é algo bom?
Por exemplo: em todas as vezes que me senti apaixonado, eu entreguei meus sentimentos mais do que deveria. Posso até não ter me entregue por completo, mas não me privei de sentir. Não sei se por desespero ou por pura paixão, mas eu não consigo ser superficial.
Conversando outra noite com um colega, ele me pergunta por que nunca tive nenhum relacionamento duradouro. Sem pensar, respondo o que sempre falo: “Não deu certo porque não era para acontecer”. Mas depois fiquei pensando: por quê não era para dar certo?
Acho que pelo fato de me entregar tanto, acabo esperando algo parecido. Mas é complicado esperar algo de alguém, porque cada um se entrega da forma que lhe convém.
Uma das poucas coisas que tenho certeza é de que não tenho medo de dar minha cara à tapa. Sinto que me tornei escravo da paixão, mesmo quando não existe ninguém por quem se apaixonar. Mas eu preciso dessa emoção. Sou escravo das paixões impossíveis, de relacionamentos complicados e de pessoas mais complexas ainda.
“Isso é a maior merda”. Foi o que o R. falou quando comentei sobre isso. E não discordo dele. Realmente isso não é muito bom. E o grande culpado novamente sou eu, por querer aquilo que é quase impossível. Impossível porque a paixão deveria ser algo mútuo e não unilateral. E mesmo quando eu sou avisado de que não devo me apaixonar, eu simplesmente não escuto.
Talvez eu precise mudar isso em mim. Com certeza eu preciso aprender a andar com calma, sem correr. O grande problema é que quando me oferecem a mão eu quero logo o braço. Sei que isso é atitude de criança mimada, mas saber ter paciência é uma grande virtude. Talvez seja assim, sendo paciente, que se consiga ser feliz, sabendo aproveitar a paixão e percebendo que também há amor.

quarta-feira, 24 de agosto de 2005

Informação

Esse blog surgiu do fotolog Subtle Invitation.
Só que a minha capacidade para escrever (¬¬) está diminuindo, por isso o grande intervalo entre um post e outro.
Já o fotolog é atualizado quase que diariamente.
Querendo conferir www.fotolog.net/subtleinvitation
Abraços,
Vítor Santos

sexta-feira, 19 de agosto de 2005

Acreditar

Acho que nunca suspirei tanto em minha vida. Nem quando estava apaixonado. Suspiro de tédio, de quem diz: “Meu Deus, é só isso?”. Esperar coisas de você mesmo não me parece mal nenhum, mas esperar algo de alguém... Isso sim começa a me parecer loucura. Mas será que conseguiríamos viver sem criar expectativas?
Conversando com o H. ontem à noite, ele me falou que não criava mais expectativas, que até poderia amar ou se apaixonar, mas sem criar expectativas. Será que isso é possível? Porque na minha visão, apaixonar-se também significa esperar algo de alguém.
Não sei se pela minha carência ou se pela minha própria personalidade, mas eu sempre espero algo das pessoas, geralmente coisas boas. E por conta disso, venho me decepcionando muito ultimamente, não por esperar demais dos outros, mas apenas por esperar o mínimo, o essencial. Mas aí pode ser um problema de perspectiva: o que eu julgo como mínimo pode parecer exagerado para alguém.
Enfim.
Será que eu tenho que me tornar um pouco frio a ponto de conviver com as pessoas sem esperar nada delas? Dificilmente conseguiria viver assim. Espero algo das pessoas porque costumo dar o melhor de mim (por mais brega que essa frase possa parecer). Mas seria muito estranho para mim conviver por conviver, porque eu preciso sentir que você é meu amigo e não apenas meu colega ou conhecido.
Talvez eu não deva parar de esperar algo das pessoas, mas sim perceber que o nada também é uma atitude que eu deva esperar...
Não consigo. Não consigo esperar pelo nada. Preciso acreditar que, em algum momento, algo acontecerá e me fará dizer: “Porra, que legal você fazer isso por mim”. Ainda acredito. Ainda acredito em coisas boas, em coisas que sei que deveria duvidar, mas eu simplesmente me recuso a me tornar um cético.
Uma coisa é acreditar naquilo que me convém, outra é me iludir por completo. Sei que ter uma ilusão consciente pode parecer loucura, mas é justamente assim que acredito. As minhas perspectivas emocionais diminuíram, mas não deixaram de existir. Minhas crenças ainda são de um sonhador.

quarta-feira, 10 de agosto de 2005

Diferenças

Seria banal demais começar falando que existe uma grande diversidade no mundo. Mas esse banal me parece a idéia apropriada para esse momento. Sabemos que há uma diversidade e, de certa forma, convivo bem com a maioria delas.
“Nossa perspectiva de vida é diferente”. Foi o que eu disse ao E. “E bem diferente mesmo”, foi o que ele me respondeu. Mas a ironia da conversa não é perceber essa diferença, mas sim aceitá-la. Eu consigo entender a perspectiva dele, mas ele não parece entender a minha.
Sempre me achei uma pessoa liberal, capaz de aceitar diversas situações. Mas agora eu percebo que aceitar uma situação não significa que eu me deixe fazer parte dela. Pelo contrário: consigo entender porque certas coisas acontecem, mas prefiro manter uma certa distância desses acontecimentos.
Talvez seja hipocrisia minha, mas (como já falei uma vez) tenho meus valores, que até podem ser ultrapassados, mas são eles que me sustentam. São eles que me definem da forma como eu sou. Mas isso não quer dizer que eu não possa revê-los. Pelo contrário: eu não os tenho como absolutos.
Mas, se para mim, é fácil entender (veja bem, entender) a perspectiva do outro, por que parece ser tão difícil, para os outros, tentar entender a minha?
Não acredito que exista uma forma de se viver, por isso que cada um vive da melhor maneira que lhe convém. E a nossa obrigação é, pelo menos, entender. Aceitar já é uma outra coisa, que geralmente acontece com a convivência.
Todos buscam a diferença e ninguém quer ser igual a ninguém no meio da multidão. Mas, ao meu ver, a multidão é parecida: cada um se acha um pouco mais certo que o outro. Mas mesmo discordando em alguns aspectos, podemos concordar em outros. Sempre vai existir o diálogo e é com ele que podemos chegar a um consenso.

Para uma boa convivência é preciso ceder, aceitar e bater o pé de vez em quando.

quinta-feira, 4 de agosto de 2005

Sexo

Tarde com os amigos. Inevitável fugir da “conversa de menino”. Tudo começou com o W. reclamando que a “namorada não cedia”. Depois, questionei ao W. e ao R. por que sempre tentam se aproveitar de um fica, esquentando-o, mas quando isso acontece, a menina não é mais vista como uma moça para namoro.
W. disse que gosta de um pouco de dificuldade, faz com que ele valorize mais. Já o R. disse que não tinha isso, que até preferia quando era mais fácil, porque o poupava de maiores esforços. Mas ambos restringiram uma relação apenas ao âmbito sexual. Por que temos a sensação de que sexo no primeiro momento pode atrapalhar o desenrolar de um relacionamento?
Uma vez disse que não iria me precipitar porque queria um segundo encontro. Nessa mesma hora, me disseram: “Por que você acha que isso pode evitar um segundo encontro?”. Instantaneamente, concordei, mas não acatei. Ainda não consegui me livrar totalmente desse preconceito interno.
Somos educados para acreditar que o sexo é algo ruim, quase proibido, mesmo quando somos submetidos a um bombardeio de atitudes sexuais. Nas histórias, o sexo sempre surge como algo proibido, mesmo sendo bastante prazeroso.
Cresci com essa sombra em mim: mesmo sentindo tesão, sempre me foi ensinado que não deveríamos nos deixar levar pelo impulso. É por isso que eu realmente concordo quando dizem que minha cama é fria. Meu maior problema é não me deixar levar pelos meus impulsos sexuais porque eu não quero ser visto como um objeto sexual, porque, nas profundezas das minhas paranóias, a lasciva é algo inapropriado ao amor.
O que eu preciso entender que os desejos fazem parte do amor. Quando se gosta, se deseja o outro, com todas as variações de carinho. Preciso entender que todo ser humano é passível de sentir desejos, e que não há mal nenhum nisso, porque significa que você consegue atender, em todos os aspectos, os anseios do outro.

sexta-feira, 29 de julho de 2005

Sonhos reais

“Passar alguns anos sozinho esperando encontrar uma pessoa realmente especial”. Será que as pessoas são realmente assim? Podemos ficar sós por um longo tempo, sem um relacionamento duradouro, mas sempre conhecemos alguém e nos permitimos tentar algo. Não ficamos completamente sozinhos.
Hoje, conversando com o E. pelo MSN, ele me confessa que está gostando de alguém e que esse sentimento também é correspondido, mas que ele tem medo. Fiz brincadeira, dizendo que ele estava com a faca e o queijo na mão, mas preferia alimenta os famintos com uma mão e cometer suicídio com a outra, deixando de lado a sua satisfação (e isso sem segundas intenções).
Às vezes, a solidão é necessária. Ela faz com que você reflita e reveja todos os seus planos. Mas solidão por tempo demais já faz mal: nos torna um utópico. Um sonhador apenas sonha e idealiza coisas possíveis. Um utópico sonha demais e agrega tantos detalhes ao seu sonho que ele acaba se tornando algo inalcançável.
Quando estamos sozinhos, imaginamos alguém que possa acabar com aquela solidão. Uma companhia que seja agradável e que te faça se sentir especial. Com o tempo, a solidão e os sonhos (acompanhados de um leve desespero) passam a modelar essa companhia. “Hum, gosto de quem tem olhos claros e uma boca rosada, com um sorriso que ecoe dentro de mim. Gosto de quem tem pele macia e cabelos que se assanham facilmente. Alguém que possa apreciar o pôr-do-sol e chorar diante de tanta beleza. Depois, ainda com os olhos úmidos, olha bem para mim, fala que me ama, me beija, me faz carinhos...”.
Essa imagem é linda. Mas começo a acreditar que existe apenas em filmes ou livros românticos demais.
Não sei se recobrei meu senso realista ou se, simplesmente, passei a sonhar menos, mas começo a acreditar que até os mais simples atos podem conter um carga romântica, desde que você ame ao outro e não à situação. E é isso que tenho procurado.
Se eu fosse a Branca de Neve também esperaria pelo Príncipe, mas sem descartar a possibilidade de quebrar o feitiço com algum camponês de bom coração.

quinta-feira, 21 de julho de 2005

Vítima e Algoz

“Parece que estou vivendo a vida de outra pessoa”. Essa foi a frase que escutei na música que tocava na novela. É engraçado, mas sempre que nos sentimos felizes, nunca achamos aquilo normal e passamos a duvidar. Já com a tristeza parece ser o contrário: quanto mais se sofre, mais parece que se quer sofrer. Será que todos temos uma alma masoquista?
A felicidade é sempre o objetivo de todos, porém nem sempre é alcançada; e quando é, nem sempre é aceita. Já a tristeza não, é aceita muito antes mesmo de existir: sofremos por antecipação.
Talvez isso ocorra porque sempre achamos que somos a vítima da situação. E o problema está justamente aí: somos vítima, mas também somo o algoz. Porém, o papel de vítima é mais cômodo.
Acho que comigo ocorre dessa forma: sempre me acho o culpado de tudo, sendo eu a minha própria vítima. E isso ocorre não porque odeie a mim mesmo, mas porque eu sempre acabo entendendo o outro lado, sempre conseguindo ver o lado bom dos outros. O meu espírito é de Pollyana.
Segunda-feira, acordei e disse para mim mesmo: “A partir de hoje, serei mal”. Não consegui. Passando em frente ao Detran, encontrei um desconhecido que havia acabado de fazer o teste de habilitação e havia passado. Na hora dei os parabéns e comecei a conversar, sempre sorrindo. Quando chegamos ao ponto do ônibus, ele vira para mim e diz: “Falou cara. Você é muito gente boa”.
Percebi que existem coisas que não posso mudar, mesmo que eu queira. Porque não é apenas que certas coisas façam parte de mim: eu sou elas. E tirá-las de mim é quase um suicídio.

quarta-feira, 20 de julho de 2005

Um momento

Hoje acordei e senti um gosto novo na minha boca. Como se a vida tivesse me dado a oportunidade de provar algo novo. E isso fez com que me sentisse bem o dia todo. Não que eu estivesse me sentindo mal, mas hoje eu me senti muito bem.
Passei a tarde com a M., e conversamos sobre isso. Ela acabou de sair de uma crise depressiva e está “tentando voltar à normalidade”, como ela mesma fala. Na hora, eu não falei nada, mas intimamente eu também me sinto assim. Não que eu esteja tentando voltar a um estado ou sair de uma depressão, mas eu finalmente começo a me sentir bem da maneira como estou.
Alguns precisam cair, pra aprender que podem levantar; outros precisam de uma desgraça, pra perceber que nada é tão ruim assim. Eu precisei cair no poço e me afogar por alguns minutos pra perceber que eu ainda sei nadar e, o que é mais importante, que eu posso fazer isso.
Andei cinco quarteirões com um sol de duas da tarde no céu, e em nenhum momento eu reclamei (coisa que com certeza eu teria feito anteriormente). Aproveitei o sol, o vento e os carros que vinham em direção contrária a minha. Não que eu tenha pensado em me jogar sobre nenhum, mas caminhar contra o fluxo me serviu: de certa forma, passei a acreditar que posso seguir um caminho, mesmo que me pareça ser o contrário, é aquele caminho que devo seguir para chegar onde acho que seja o meu lugar.
Sei que todo esse texto pode parecer “a fuga de um garoto”, mas foi assim que me senti, e foi isso que tornou a minha tarde tão agradável. Foi uma das poucas vezes que eu me senti feliz o bastante para ser feliz, sendo eu mesmo.
Só faltou uma chuva no final da tarde, porque aí eu teria a sensação, interna, de que a minha alma também estaria sendo lavada, seminova. Na última semana, eu acreditava que precisava de uma nova vida, mas hoje eu percebo que posso continuar vivendo a minha antiga vida. Porque eu poderia até me dar uma nova vida, mas o cenário seria o mesmo e, inevitavelmente, eu continuaria igual.

segunda-feira, 18 de julho de 2005

Cobranças

“Não se pode amar por caridade ou por orgulho, senão cobraremos. O amor não é versão de Windows que é atualizado a cada ano para girar mais rápido. O amor é lento mesmo”. Essas frases fazem parte do texto publicado pelo F.C. em seu blog.
Ultimamente, eu sinto que foi justamente isso que eu fiz: cobrei. Concordo que isso não foi o mais correto, mas foi o que eu fiz. Sofro de um mal terrível: duvido de tudo. Sou quase um São Tomé. Admito que isso me causa alguns problemas, porque nem sempre as pessoas estão dispostas a te provar algo.
Cobrei. Não por amar por caridade, mas por precisar de amor. Não cobrei por orgulho, porque admito que sou fraco e preciso de alguém que me ame. E o pior de tudo é que cobrei atenção, apenas; mas tenho a leve impressão que pareceu que cobrei algo mais que isso.
Conversando com O Moço ontem à noite, eu disse: “Eu preciso ver para crer”. De ontem para hoje, o meu pensamento mudou um pouco. Às vezes, é preciso crer para se poder ver. Mas, é como ele mesmo disse: “Às vezes, acreditamos que algo é a verdade, mesmo que ela não seja”.
E isso é verdade. Percebi que quando acredito que alguma coisa é verdade, ela assume essa característica para mim, mesmo não sendo. Tudo isso é culpa da minha imaturidade, da minha insegurança e das minhas paranóias.
Talvez eu precise cobrar mais de mim mesmo do que dos outros. Ou talvez eu não precise cobrar nada de ninguém. As coisas simplesmente precisam acontecer, sem forçar nada. Mas é difícil se convencer disso quando assumimos nossa carência. Eu sei que ninguém é obrigado a nada, mas eu continuo me obrigando a acreditar que sempre devo fazer algo.
Mas chega um momento em que precisamos de atenção. Quando chegamos ao ponto em que admitimos que precisamos da atenção de outro, é porque já estamos cheios de nós mesmos. Eu sinto que é como se eu precisasse me dividir com alguém. Não desabafar, mas me dividir mesmo: não dando uma parte de mim para o outro, mas recebendo tudo aquilo que me for dado.

sábado, 16 de julho de 2005

Mudanças

“Como você reage diante das mudanças na sua vida?” Dessa forma, bem direta, o E. me fez essa pergunta hoje. Provavelmente, eu respondi que as mudanças são necessárias. De certa forma, eu realmente acredito nisso, mas depois fiquei pensando: às vezes, estamos vivendo um ótimo momento, mas ocorrem algumas mudanças que modificam toda aquela sua realidade. Esse tipo de mudança realmente é necessária?
As mudanças geralmente são ruins porque já estamos acostumados a viver de uma forma, condicionados a uma determinada situação. Tudo bem, talvez condicionado não seja a palavra. Nos acostumamos com uma rotina. E, novamente eu me pergunto: isso não é uma forma de conformismo?
Acostumar-se com o seu cotidiano não é o problema, mas sim não aceitar que ele mude. Para mim, é inadmissível acreditar que sua vida aos oitenta anos será igual a sua vida aos vinte: mudanças ocorrerão (de uma forma que nós não perceberemos de imediato).
Ontem estava conversando com minha mãe. Falei para ela que estava me sentindo preso em minha própria vida. Talvez seja por culpa do ócio das férias, talvez seja pela falta de motivação interna, mas talvez também seja pelo fato de que, nas últimas semanas, eu me sinto exatamente igual, sem nenhuma mudança.
Não que eu queira mudar de personalidade, ou ser uma nova pessoa (uma versão 2006 de mim mesmo). Mas, como eu disse, acredito que algumas mudanças são necessárias. Porque são as mudanças que vão te colocar em contato com coisas diferentes, novas.
Mas eu sempre entro em contradição.
Fico aqui escrevendo sobre mudanças, mas intimamente só consigo pensar em voltar ao estado que me sentia antes, à situação que vivia anteriormente.
O meu erro, e a minha pretensão, é justamente querer mudar uma situação que acabou de começar. É como querer mudar o atual com uma mudança (ou uma antiga novidade, por que não?) que já ocorreu e já passou. Não que o que vivo atualmente seja ruim; pelo contrário, parece que será muito bom para mim.
O que me consome não é a realidade, mas sim o sonho que ainda não vivi.

quarta-feira, 13 de julho de 2005

Tempo

Todos os dias fazemos coisas que foram programadas no dia anterior. Mas, às vezes, deixamos de fazer algo ou adiamos, talvez porque sempre acreditamos que temos o dia seguinte. Talvez isso ocorra porque as pessoas se julgam eternas, inacabáveis.
Um pensamento, compartilhado por mim, meu pai e minha irmã, é de que morreremos cedo. E mesmo com essa sensação, nós continuamos adiando algumas coisas. Não temos o desespero da eternidade, apenas convivemos juntos, da melhor forma que podemos, para que as lembranças, essas sim, possam ser eternas.
Talvez o nosso pensamento, que nos leva a fazer uma coisa ou não, não esteja ligado à idéia de fim, mas apenas ao início e ao durante. Talvez nós sejamos tão hedonistas a ponto de fazer apenas aquilo que nos agrada. Sempre esquecemos que algo também deve ser feito para agradar ao outro.
Dificilmente alguém pede desculpas, e depois de um erro, continuam com uma convivência frouxa, leve, acreditando que naturalmente a outra pessoa irá te perdoar, porque achamos que os nossos atos futuros irão compensar os erros cometidos. Mas, se de repente, a outra pessoa deixa de fazer parte da nossa vida, como fazer para pedir desculpas ou conseguir o perdão? Estaremos fadados a conviver com isso.
Uma idéia que entrou na minha cabeça nos últimos dias é de que todo começo só existe porque também há um final, mas, tolamente, insistimos em acreditar no contrário. Forçamos para que as coisas em nossa vida só tenham começo, principalmente as coisas boas. Mas é inevitável que um dia elas acabem, para que assim, possam começar outras.
Precisamos aceitar o fato de que somos perecíveis, e de que tudo também é. Não podemos adiar nada: tudo deve ser feito naquele exato instante em que sentimos que deve ser feito. Se encararmos o fim como um recomeço, talvez possamos desistir da idéia de eternidade. Honestamente, eu não pretendo viver muito, apenas o tempo suficiente para compartilhar algo com as pessoas com quem eu convivo.

segunda-feira, 11 de julho de 2005

Início de Relacionamento

Os relacionamentos realmente podem ser algo que acontecem em nossas vidas de uma forma tão intensa que pode nos assustar. Não adianta encontramos a pessoa certa, quando não estamos abertos para isso, o relacionamento simplesmente está destinado a falhar.
Por mais que se chore de solidão, ela é necessária. É com elas que conseguimos nos conhecer melhor. Depois sim, quando saímos da fase depressiva e deprimente, eventualmente encontramos a pessoa certa (pelo menos uma que nos agrada de uma forma bastante confortável).
Só que o início de um relacionamento é realmente um problema, porque, no princípio, a situação é realmente agradável, mas depois de um tempo, tudo caí na mesmice. No início, fazemos de tudo para conquistar o outro, e adoramos ver o esforço que é feito para nos agradar. Só que quando conseguimos conquistar e ser conquistado, acaba a fase dos agrados e começa a fase da verdade: acabam os mimos e os dengos e inicia-se a fase da real convivência. É aí que passamos a conhecer, realmente, o outro. Em alguns casos, o relacionamento pode se transformar em algo como “sexo entre amigos”.
Então, inicialmente, antes mesmo de pensarmos em algo sério, deveríamos fazer algumas perguntas, de forma bem direta:
1ª: Você realmente está disposto a me amar?
2ª: Eu posso confiar em você?
3ª: Você promete que sempre haverá respeito?
4ª: Podemos prometer que jamais vamos deixar isso cair na rotina?
Essas perguntas realmente deveriam ser feitas: não basta percebemos isso no comportamento ou aceitarmos as palavras ditas num momento de carinho. A confiança não deve surgir apenas baseada em algo subjetivo; às vezes, precisamos de coisas concretas, porque serão em cima delas que o abstrato irá ser sustentado.
Eu acredito que o amor pode ser algo real, desde que exista entre os dois e não apenas em um. Talvez a solução esteja na confiança e na consideração.

Isso pode até parecer o discurso de um romântico piegas: pois então que seja.

sexta-feira, 8 de julho de 2005

O Imprevisível

Acho que desde sempre soube o que queria. Talvez esse seja o meu problema: ter uma visão objetiva, mesmo sobre assuntos subjetivos. Talvez seja por isso que eu olhe para as pessoas e ache que elas são tão mais felizes do que eu. Não que eu tenha graves problemas na minha vida, mas simplesmente não consigo me livrar dessa apatia que toma conta de mim. E, infelizmente, admito que isso é culpa do meu romantismo.
Aos dezesseis anos eu descobri e me entreguei a esse sentimento. Não que eu tenha amado, porque hoje eu admito que não amei, mas aquele foi o primeiro contato que eu tive com esse sentimento. Desde então, passei a acreditar que a minha felicidade só estaria completa se conseguisse preencher esse vazio.
Nesses quatro anos, eu ainda não vivi nenhuma experiência sublime, mas em alguns momentos eu me deixei levar por emoções e sentimentos que, hoje, são minhas referências para paixão e amor. Olhando bem para esse passado, eu percebo que só consegui me sentir daquela forma quando as coisas aconteceram de uma forma inesperada, quando eu me senti tomado e me deixei conquistar.
E é engraçado perceber isso, porque todas as vezes que eu conheci alguém e tudo aconteceu de uma forma planejada, eu não consegui sentir mais do que carinho.Infelizmente, sou vítima das minhas emoções, e preciso de coisas súbitas, fortes e que me surpreendam. O previsível, o planejado, o comum não me atrai.
É vergonhoso admitir, mas eu sinto que eu preciso conviver com o imprevisto, preciso ter uma interrogação que, inesperadamente, se transforme numa exclamação que tome conta de mim por alguns instantes. Eu sinto que o meu amor e a minha paixão nascem do susto. E eu quero mais é viver esse imprevisível e sentir o novo.

segunda-feira, 4 de julho de 2005

Severidades

“Palavras categóricas e ásperas são sinal de uma causa infundada”. Essa foi a minha sorte do dia no Orkut. Infelizmente, sou obrigado a concordar que algumas das minhas palavras são categóricas e ásperas. Mas eu não consigo perceber qual é a minha causa infundada.
Hoje pela manhã, por exemplo, conversando com o E. pelo MSN, ele me mostra um texto de um desses fóruns na internet, sobre um fanático religioso que se posiciona contra o homossexualismo. Depois da leitura do texto, digo que o cara que o escreveu provavelmente é uma bicha reprimida, que vive infeliz com seus pais e acha que conseguirá ser feliz se reprimir suas vontades e desejos.
Posso até não ter sido categórico nessa afirmação, mas com certeza fui áspero, com uma pessoa que não merecia. E talvez isso ocorra porque eu já vivi certas coisas que me tornaram áspero. Talvez a minha causa infundada seja aquilo que eu uso de argumentos para a minha aspereza.
Por exemplo, quando eu tinha nove anos, uma mãe me chamou com o pretexto de que queria me apresentar seu filho. Só que quando a tal mãe nos colocou cara a cara, ela simplesmente começou a me julgar, me usando de exemplo: “Olha bem pra ele. É por isso que a mamãe não quer que você brinque com coisas perigosas, para não se machucar” (referindo-se ao problema com meu olho).
Lembro que quando isso aconteceu, fiquei sem saber o que fazer e o que dizer. A única atitude que consegui tomar foi sair. E desde esse dia eu me preparei, me armei. Hoje, se eu sou atrevido e áspero, acho que, em partes, é apenas um dos resultados de histórias como essa.
Talvez a minha causa infundada, que me faz dizer palavras ásperas e ter respostas para tudo, esteja relacionada a esse medo: medo de que alguém me pegue desprevenido e que me faça sentir aquela sensação de inferioridade novamente. Não que eu me sinta reduzido por isso, porque eu convivo bem com meu problema; mas mais pelo fato de não deixar que o outro me veja como um reduzido.

O problema não é você se reconhecer como algo, mas sim o outro o ver como tal. As primeiras impressões ficam, por mais falsas que elas sejam. E o outro nos vê da forma como nós nos mostramos.

sexta-feira, 1 de julho de 2005

Insegurança

“Acho”.
Foi a resposta que O Moço me deu após me falar da sua adolescência, referindo-se ao fato de que eu (assim como ele quando tinha vinte anos) me acho auto-suficiente. Imediatamente discordei dessa afirmação, porque eu me sinto totalmente incompleto.
Mas, honestamente, não foi essa afirmação que me incomodou. Fiquei pensando por que precisamos imaginar algo à respeito das pessoas, criando pré-conceitos e admitindo que eles são a verdade. Por que simplesmente não conseguimos aceitar o outro na exata maneira como ele se mostra ser?
Uma das minhas desilusões ocorreu justamente dessa forma: o simples ato de cortar as unhas foi entendido como indiferença diante da conversa. Freud, ao ser pego pelos seus alunos fumando um charuto, disse: “Às vezes, um charuto é só um charuto.”. Por que achamos que sempre há algo mais por trás de todas as coisas?
A única explicação que encontro para isso é a insegurança. Todos (leiam bem, TODOS) somos inseguros. O que acontece é que alguns conseguem disfarçar melhor ou simplesmente o outro não consegue perceber essa insegurança.
“O seu sorriso não disfarça”.
Concordo. O meu sorriso não disfarça porque não há nada para ser ocultado. Eu não quero esconder as minhas fraquezas. Quero mais é que todos as percebam, porque são elas que fazem com que eu seja a pessoa que todos conhecem. Pode até ser que o meu sorriso consiga disfarçar a minha tristeza, mas os meus atos me entregam.
Se existe algo que quero preservar é a minha insegurança, porque eu sinto que é ela que me faz procurar o apoio que eu preciso. E eu acredito que esse apoio não está em mim... Eu não conseguiria ser o único responsável pela minha vida.

terça-feira, 28 de junho de 2005

Sonhos

Hoje acordei com a sensação de que deveria ir. Partir antes que mude de idéia e resolva ficar. É verdade que eu ainda não sei bem para onde devo ir, mas só pelo fato de acordar e perceber que devo ir, já me fez sentir melhor.
Às vezes, é preciso perceber que a melhor coisa a se fazer é justamente fazer algo, porque não adianta ter a consciência e cruzar os braços. Acredito que um dos aspectos da maturidade seja justamente esse: saber encarar os momentos.
Mas no auge dos meus vinte anos e da minha idiotice romântica, eu gosto de viver com a expectativa, imaginando/idealizando o meu futuro. Para um maduro, essa atitude é abominável, como se sonhar fosse um grande mal, quase uma doença ainda sem cura. Entretanto, concordamos ao dizer que o mundo não é tão belo quanto nos sonhos. Mas, para mim, é isso que torna o sonho tão válido.
Talvez os maduros já tenham sido sonhadores, mas com o tempo e com as desilusões passaram a se privar, porque é realmente doloroso ter uma expectativa desfeita. E depois de uma desilusão, podemos assumir duas posições: uma cética, que quase nos torna frios; e uma esperançosa, daqueles que choram e se recompõem com o tempo, e se permitem sonhar novamente.
E é justamente nesse ponto que eu acredito que os maduros pecam, porque, para mim, o medo é uma característica infantil.
No fotolog da M. está escrito “Qual é a graça de se chegar ao final da estrada quando se parte rumo ao nada...”. Talvez os sonhos precisem ser desfeitos: Me diga qual a graça de atingirmos um ideal, quando o grande prazer se encontra na busca?
Todos precisamos de sonhos, de metas. E é justamente no percurso que acontecem as melhores coisas da vida: vivemos. É aí que temos a oportunidade de explorar um vasto mundo ao nosso redor, podendo encarar isso de frente, sem o medo dos indiferentes.
A quebra de um sonho não deve significar o fim, mas sim o início de um novo ideal, com uma nova busca. E nesse novo caminho é preciso estar aberto a tudo aquilo que vamos encontrar. Sejam coisas boas ou ruins, ambas são importantes, pois são elas as grandes responsáveis pelas alegrias.

quarta-feira, 22 de junho de 2005

Necessidades

“Fala da necessidade de uma pessoa em nossa vida”: foi essa a mensagem que o E. me mandou pelo MSN. É engraçado como uma simples frase pode nos pegar de uma forma tão inesperada. Se essa frase tivesse sido pronunciada há dois dias atrás, talvez eu tivesse me identificado de imediato com ela. Mas hoje, ela simplesmente passa por mim sem causar nenhum sentimento (a indiferença é um sentimento ou a falta de um?).
É engraçado como achamos que nossa felicidade está ligada à existência de uma outra pessoa. Entretanto, essa existência precisa estar próxima à sua; de outra forma, ela apenas consegue causar sofrimento.
A grande questão que me toma agora é: Por que achamos que a nossa felicidade está ligada a um relacionamento, a uma outra pessoa?
Na casa do M., ele solta a seguinte frase: “Você é o universo”. Admito que na hora discordei totalmente disso. E hoje, ela ainda me parece absurda, porque eu acredito que ninguém é tão completo assim; entretanto, ela faz um pouco mais de sentido. Por que achamos que precisamos abrir mão do nosso mundo e partir em busca da felicidade, que acreditamos estar ligada ao outro?
Às vezes, chego a ser cético e me entrego ao pensamento de que, em alguns momentos, o melhor a ser feito é se fechar, se preservar. Entretanto, não para sempre, apenas por um tempo. Tempo suficiente para se acalmar, respirar e seguir em frente.
O ser humano precisa de outros para conviver. Mas também precisa de si mesmo para existir de forma completa. Talvez seja por isso que sempre procuramos por alguém: porque é muito mais complicado encontrar a si mesmo, e tentamos encontrar no outro aquilo que nos falta. Mas, para que se possa abrir as portas do seu mundo é preciso que elas tenham sido fechadas, para que assim possamos nos conhecer melhor.
Não falo em se conhecer por completo, porque isso me parece impossível. Falo em ter consciência de quais são seus sonhos, seus anseios, seus medos, fraquezas e forças.
Porém, essa é uma das tarefas mais complicadas, porque temos medo do espelho. Acreditamos que somos maiores e melhores; porém, o auto-conhecimeto nos força a encarar o real.
Então, maior demonstração de coragem do que preparar as malas e partir é desfazê-las e ficar, encarando a si mesmo.

segunda-feira, 20 de junho de 2005

Prazer?

Uma das grandes diferenças, para mim, entre as pessoas mais novas e mais velhas está na posição que elas assumem diante do amor: as mais velhas se mostram mais céticas, fechadas, enquanto as mais novas ainda têm seus sonhos (ou ilusões). Será que a maturidade é isso: anular as perspectivas de uma vida amorosa?
Se por um lado, a impressão que eu tenho é de que todos só estão interessados em sexo (massa da qual eu me recuso a fazer parte); por outro, ainda há uma minoria (muito bem escondida, por sinal) que acredita que possa existir um sentimento sério. Entretanto, as pessoas mudam de opinião muito fácil: depois de uma desilusão (seja qual for a intensidade dela), todos entram para o time dos céticos e tarados. Mas por que, para os outros, é tão simples mudar?
Talvez, o time da maioria seja o time mais fácil, mais cômodo: por isso, está sempre ganhando. As pessoas não querem complicações nem conflitos. É mais fácil limpar o gozo depois da transa do que lidar com os anseios de uma pessoa. Existe um medo em se desfazer os sonhos dos outros e um maior ainda em ter que encarar os seus sonhos desfeitos.
Concordo quando se diz que não devemos complicar a vida, embora eu também acredite que não devemos torná-la tão fácil. As vezes, é preciso de alguma complicação para se animar ou dar sentindo a situação. Qual é a graça de se acordar todos os dias sabendo que seu dia será igual aos demais: acordar, trabalhar, gozar, dormir? Porque não há mérito nenhum no prazer por prazer, isso se consegue até com uma árvore. Digam-me se há prazer maior em ver o outro sentindo prazer (proporcionado por você) e saber que aquilo não é em vão, mas sim resultado de vários sentimentos?
“Seus princípios valem mais do que qualquer outra coisa”: essa foi a minha sorte do dia no Orkut. E eu sou obrigado a concordar. Os meus princípios são fortes, mas não são hermeticamente fechados. Eu até consigo entender as necessidades sexuais das pessoas, embora não consiga participar. Mas não pensem que eu sou uma santa pudica, porque eu não sou.
Eu não sou o rei da bondade, muito menos o senhor da moral e da boa conduta, apenas, hoje, eu prefiro acreditar que eu serei muito mais feliz se seguir esse ideal. Posso até perder algumas oportunidades que os outros julgam como únicas, mas eu prefiro seguir um caminho mais difícil a entrar na fila do conformismo.

sexta-feira, 17 de junho de 2005

Oportunidades

“Não menospreze a sua própria oportunidade”. Foi a mensagem que apareceu pra mim hoje no Orkut. Talvez eu realmente precise aprender a não desprezar tudo aquilo que me é dado. Mas o que se pode fazer quando tudo aquilo que nos é ofertado não aparenta ser bom o suficiente?
Então, o primeiro passo seria me livrar de um complexo de superioridade que, por mais que eu tente esconder e negar, me persegue. Mas o que me alegra (ou me exime de sentir culpa) é saber que esse defeito não é apenas meu: todos, de certa forma, se julgam um pouco melhor do que os outros. Quando comparamos, até nossos defeitos parecem ser bem melhores e bem mais interessantes do que o dos outros.
Mas, se todos se julgam superiores, como conseguimos estabelecer relações, sejam elas de amizade ou algo mais sério com os outros? Sim, por que se partimos dessa perspectiva, somos como urubus que sobrevoam a carniça.
Talvez o equilíbrio para as relações esteja nesse pensamento escatológico: se pararmos pra pensar, perceberemos que não somos os urubus, mas a própria carniça, que, de tão podre, não consegue perceber o quão medíocre é o seu pensamento. Nesse ponto, adquiro um complexo de inferioridade em relação ao meu complexo de superioridade.
Como pode: um ser que, aos 20 anos, se julga à frente de toda uma comunidade? Pretensão. E não pensem que eu não sinto vergonha em admitir isso. Tenho tanta vergonha disso que prefiro esconder de mim mesmo.
Se por um lado, essa pretensão me reduz (porque eu sei, e acredito, que não há pessoas melhores do que outras), ao mesmo tempo ela me leva pra frente, porque me torna mais seletivo em relação às amizades: acabo me aproximando de pessoas que tem algo de interessante a acrescentar.
Nesse ponto, saímos da pretensão e entramos no interesse. Sim, independente de qual seja, sempre há um interesse. O que os distingue é que alguns interesses são aceitáveis, como o simples interesse de amizade, por exemplo.
...
Eu não menosprezo as minhas oportunidades, eu simplesmente não as vejo como oportunidades, mas sim como coisas do cotidiano. Na verdade, o meu problema é não conseguir me entender. Todos somos resultados das nossas qualidades e, principalmente, dos nossos defeitos, com todos os demônios que temos direito.
Sim, possuímos demônios internos e, por favor, não me exorcizem: eles são a melhor parte de mim.

quarta-feira, 15 de junho de 2005

Novidades

Pois bem. Após uma pizza, eu e M. fomos para a casa do M.. Em meio a fontes e HD’s, eu escuto a seguinte frase: “O que devemos fazer é tirar a pessoa daquele mundo”.Confesso que até agora essa frase não me faz sentido algum. Talvez porque em minhas breves experiências, eu apenas tenha tentado criar um novo mundo, dando um pouco do meu e inserindo um pouco do outro.
Talvez seja justamente por isso que nenhuma das minhas tentativas de iniciar um relacionamento tenham dado certo. O que me garante que a felicidade de um relacionamento está em um mundo criado para a sua existência?
Mas sabemos que um novo mundo, com novas perspectivas, sempre é algo atraente. Mesmo que esse novo mundo só seja interessante no início. Não sei se isso ocorre apenas comigo, mas a possibilidade de entrar em contato com o novo me agrada e, de certa forma, me seduz.
Infelizmente, a seqüência lógica do pensamento também costuma ser a realidade mais insana.
Ao chegar em casa, ligo a televisão e vejo um certo programa que me faz relembrar uma novidade que me foi apresentada há alguns meses atrás. Enquanto assistia ao programa, percebi que nem sempre as novidades são tão boas. E se, de alguma forma, aquele relacionamento tivesse ocorrido, até que ponto a previsibilidade da situação seria encarada como novidade?
Talvez o que nós precisamos não sejam de novidades a todo instante. Talvez seja preciso apenas se perceber que o velho mundo pode servir de cenário, porque as mudanças e as novidades são necessárias, mas não são elas que devem sustentar a relação.

terça-feira, 14 de junho de 2005

Apresentação

Enfim, criei esse blog para deixar meu pensamento correr ordenadamente livre. Mas sem pretensões literárias ou qualquer coisa que o valha.
Primeiro, é preciso esclarecer que esse texto foi escrito antes da criação do blog, porque, pelo menos para mim, devemos aproveitar o memento: como não possuo tendências literárias, preciso aproveitar o instante em que a idéia me chega; caso contrário, acordo com a mesma sensação de uma adolescente após um aborto.
Acho que de início, essas palavras bastam, uma vez que ninguém (pelo menos eu acho) irá ler o que aqui estiver.

Por isso, abraços a vocês que não estiveram aqui