domingo, 28 de maio de 2006

Conversando sábado à noite com o V. no Msn, ele me diz que eu sou um “cara legal”. Eu concordo e ainda digo que talvez seja por isso que nenhum dos meus relacionamentos tenha dado certo. “Acho que não nasci pra ficar sozinho, mas sabe aquela história de que bonzinho só se fode? Então, é mais ou menos por aí”, digo.
Depois eu fiquei pensando no que eu falei. Será que realmente eu não consigo ficar sozinho?
Ultimamente, tenho insistido na idéia de que a felicidade (ou pelo menos, parte dela) não está ligada a relacionamentos, mas sim a diversas outras coisas. E tenho me agarrado a essa idéia com um desespero e uma força que nem eu sabia que tinha.
Mas o meu humor não anda dos melhores. “Eu fico assim quando fico sem dinheiro” disse meu pai. E eu fico assim por que? Por falta de alguém? Não acredito.
Talvez eu fique assim não pela falta de alguém, mas pela falta de uma perspectiva. Essa conversa de que se pode ser (e somos) feliz sozinho é completamente verdadeira, mas não é a verdade que eu quero pra mim agora.
E a conversa de que bonzinho só se fode?
Bem, essa aí pode até ser verdade, mas, honestamente, não vou mudar nesse aspecto. Quando gosto, trato bem por puro prazer e não por obrigação. A culpa não é minha se todos estão acostumados a viver pedindo favores.


O que foi isso aqui?
Uma espécie de desabafo.
Hoje, num domingo altamente ensolarado, eu espero meu pai chegar para fazermos o passeio do dia. E essa perspectiva me anima.
Quando eu falo que preciso de perspectivas, não me refiro apenas às amorosas, mas a minha vida em todos os seus aspectos.
Eu venho me sentindo estagnado, preso a uma coisa que eu desconheço e que eu não queria estar. E essa estagnação me impede de ver certas coisas que estão mais adiante e até mesmo de idealizar tantas outras. O que chega a ser mais frustrante. Idealizamos justamente para usar isso como uma fuga.
Talvez eu já tenha passado tempo demais convivendo com o conformismo, porque, afinal, não é isso o que a realidade é?

terça-feira, 2 de maio de 2006

Primeira Impressão

Conversando com a M. ao final da aula, ela me fala que vai terminar com o R.. Pelo que entendi, o motivo é que ele não é mais o mesmo: no começo ele se mostrava de uma forma e, com o tempo, ele mudou, “esfriou”, pra usar a mesma palavra que ela.
Então, eu fiquei pensando.
Pensando nisso e no que eu conversei sábado com o I.: nós temos uma certa impressão sobre as pessoas e é a partir dessa impressão que assimilamos os atos dos outros. Tudo aquilo que alguém faz, de alguma forma, irá se encaixar na impressão que nós temos dela. Juntando todas as impressões que temos de uma pessoa, passamos a tratá-la como um conceito.
Assistindo “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, eu me deparo com o seguinte diálogo:
“Se quer ficar comigo, fique comigo. Muitos caras acham que eu sou um conceito e que eu os completo, ou que vou dar vida a eles. Mas eu sou só uma garota ferrada procurando minha paz de espírito. Não me encarregue da sua”.
E é justamente aí que está todo o problema: acreditamos que o outro é capaz de nos dar alguma coisa. Alguma coisa que nem nós mesmos sabemos o que é, mas esperamos. Esperamos até perceber que a única coisa que o outro pode nos dar é a mesma falta que ele também sente.
Mas será que estamos errados em tratar os outros como se eles fossem apenas impressões e conceitos? Creio que não, porque isso é quase que involuntário. Precisamos assimilar algo sobre o outro e pegamos aquilo que está mais próximo de nós: a primeira impressão.
Acreditar que alguém é um conceito me parece o mesmo que subjugar todas as outras coisas que alguém também pode ser. É reduzir algo que não nasceu pra ser visto como pequeno.

Acabei de falar com a M. e ela me contou que tentou terminar com o R., mas que, depois de uma conversa, tudo se acertou. E o problema das impressões é justamente esse: às vezes, nós nos enganamos.