quinta-feira, 21 de julho de 2011

E mais uma vez...


Não sei bem o que é isso, mas é uma aflição aqui dentro.

Essa semana a M. mandou um recado pelo Facebook para o JV, pedindo para ele voltar para o Ceará. E eu deixei uma mensagem dizendo que gostava muito dele, mas que ele deveria ficar por lá mesmo, que aqui só tem umas 10 pessoas que são interessantes e que podem fazer falta. O restante, bem...
Acho que exagerei na quantidade...

É engraçado como a cada dia que passa eu vou sendo tomado por uma sensação de que poucas coisas valem a pena, de que poucas pessoas valem a pena. Seria isso uma crise de meia idade aos 26 anos ou apenas uma eventualidade daqueles dias em que se levanta do lado errado da cama?

O que me parece pior é que eu estou sendo tomado por esse sentimento não apenas com relação ao que eu vejo e sinto, mas também com relação ao que eu ainda vou ver. E o ceticismo é ainda maior com relação as coisas que ainda vou sentir. Ou, no caso, deixar de sentir.

Eu começo a entender por quê algumas pessoas vivem no automático: dá menos trabalho. É mais simples: quanto menos se espera, mais se ganha. Qualquer coisa, qualquer pequena mudança é lucro.

...

Eu sou inconformado e dramático: eu não consigo conceber essa visão, não consigo aceitar como alguém consegue viver a rotina e chamar as eventualidades de felicidade. Não que eu tenha pensamentos suicidas, mas desde quando viver se tornou tão enfadonho?

sábado, 23 de abril de 2011

My shoes took me for a walk


Engraçado como "Ratatouille" sempre me emociona: não sei exatamente o que do filme, mas as últimas cenas sempre conseguem me comover. Talvez por achar que me pareço com o Ego, o crítico gastronômico: cético, discrente de quase tudo, amargurado, mas que se vê surpreendido diante do inusitado, do novo.

Talvez porque eu viva esperando essa surpresa na virada da esquina. Quando eu era mais novo, sentia que alguma coisa boa poderia acontecer, a qualquer momento e o que eu precisa fazer era, apenas, estar preparado para viver este momento.

E a medida que eu fui ficando mais velho eu perdi essa sensação: passei a conhecer as ruas, os caminhos. Não há nada que eu já não conheça na virada da esquina.
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Os meus pensamentos são recorrentes e as minhas angústias pouco evoluem. Não sei se o problema sou eu, que insisto em dar sempre os mesmos passos, ou se são as ruas, que insistem em serem sempre as mesmas.
(Isso faz sentido pra vocês?)
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Vai ver que é por isso que um dos meus prazeres é comprar sapatos: já que preciso percorrer sempre a mesma estrada, que pelo menos seja com calçados diferentes. Novos de preferência.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

O silêncio que precede o esporro


E tudo voltou a calmaria de antes: as vacas na frente, puxando a carroça.
Que agora viaja leve.
Bem leve.
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Mas lá dentro, bem fundo, ainda há aquela inquietação, aquela vontade, aquele desejo de ver tudo isso pegar fogo, de ver a loucura se instaurar.

terça-feira, 29 de março de 2011

Simplicidade


Talvez o bom em ser cético é que, quando coisas boas acontecem, você acaba se maravilhando. Um pouco mais do que o que é prudente, é bem verdade, mas ainda assim é uma coisa boa.

Saber que coisas boas podem acontecer dá certo ânimo e me fazem lembrar da época em que eu vivia em função dessa sensação: acordava apenas para esperar o momento do dia em que uma pequena coisa boa aconteceria.

Levemente patético, não?

Mas ai eu cresci, e isso passou. Ou passou ou eu deixei de acreditar. E acho que isso foi uma coisa boa, porque me parece que, finalmente, eu consigo entender / sentir determinadas coisas.

domingo, 27 de março de 2011

O que foi mesmo que passou por aqui?


E daí que eu me pego pensando/sentindo coisas que não pensava/sentia a um certo tempo.
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Outro dia me lembrei de uma cena de "As Horas", quando a Clarissa começa a explicar para a filha o que vem sentindo: em seu passado, ela acordava com aquele sentimento de possibilidade, a vida era cheia de um sentimento de possibilidade.
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E é mais ou menos por ai: a sensação de que as coisas já se estabeleceram e o que me resta é apenas viver, roboticamente, essa rotina imperam dentro de mim. Não há mais grandes coisas a serem feitas, não há mais grandes alegrias a serem vividas.
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Eu sempre fui cético, mas o ceticismo trazia, em seu fundo, um quê de esperança. Acho que hoje eu só trago o ceticismo, com um fundo de cinismo.