sexta-feira, 30 de junho de 2006

Nobody cares when the tears of a clown fall down...


E hoje eu acordei chorando. Não só porque o sonho foi ruim, mas porque eu tomei consciência de pequenos aspectos na minha vida que eu insistia em negar.
Talvez por eu me enganar, me forçando a acreditar que tudo vai bm quando, na verdade, não está; mas não se sabe ao certo o que está errado.
E é essa sensação de estar perdido, de total desconhecimento que me perturbar. É verdade que a procura, que a busca é sempre uma tarefa agradável, mas ela passa a nos assustar quando você simplesmente não consegue se ver em nada nem se achar em lugar nenhum.
...
Talvez essa sensação surja por eu idealizar algo e esperar viver de uma forma, quando, na verdade, eu me pego vivendo uma vida que nem de longe é aquilo que eu achava que seria.
(Não que a minha vida seja ruim. Pelo contrário. E isso é uma das coisas que também me incomodam: reclamar de uma vida que não é ruim).

Spotless mind


Já eu, se tivesse a chance, não apagaria ninguém.
Mentira.
Apagaria apenas os bons. Porque desses, eu me aproximo naturalmente.
Os maus, sim, eu faria questão de lembrar. Que é pra não correr o risco de cometer o mesmo erro duas vezes.

terça-feira, 27 de junho de 2006

Saravá


E eu sei que ainda não é agosto, mas eu estava me sentindo naquele mês: coisas erradas demais e uma leve falta de sorte. Motivos suficientes para pensar em proteções mais fortes do que os muros que construo ao meu redor.
E mesmo eu nunca tendo sido uma pessoa religiosa, sempre me vi como uma pessoa de fé. Em quê exatamente é que eu não sei.
Mas isso importa?

terça-feira, 20 de junho de 2006

Erosão é o caralho



-às vezes, você não cansa de tudo?
-ate de respirar, se possível. pq?
-e o que você faz?
-paro e penso logo existo




Mas, às vezes, eu acho que eu só existo na minha cabeça. Que aquilo que eu realmente sou é apenas uma projeção daquilo que eu queria ser. E, na verdade, eu não sou nem a metade do que eu imagino ser.
Minha existência é mínima. Se reduz à impressões e incertezas.

Começo a acreditar que internet não foi feita para pessoas como eu.

segunda-feira, 19 de junho de 2006

Pequenas mudanças


E, de repente, você acorda e percebe que alguma coisa mudou. Alguma coisa, com toda a imprecisão possível, soa diferente.
E, mesmo eu que sou afeito aos grandes dramas, não me arrisco em falar em grandes mudanças. “Da água para o vinho”, como alguns gostam de dizer. Prefiro acreditar que, certas mudanças, podem ser como erosões. Pequenas erosões na alma: vão ocorrendo de uma forma tão lenta, mas tão precisa, que só se percebe quando se pára para observar atentamente.
É mais ou menos assim: por um tempo, você entra em um estado apático e deixa de perceber as coisas que ocorrem ao seu redor; mas, um dia, quando a alma acorda do coma, ela se vê diferente, se percebe diferente. Mas não por não conseguir reconhecer aquilo que sempre foi, mas por perceber que há uma diferença, embora não se consiga dizer que diferença seja essa.
Mas o mais importante é que essa mudança te deixa feliz. Porque embora você saiba que ela não vai ser eterna, ela já é uma mudança válida.
E, de certa forma, você percebe que aqueles dias que se passaram e a forma como você se arrastou por eles não foram inválidas. É justamente o contrário: foi exatamente isso que te preparou para aquilo que se é hoje. É como se apatia fosse um grande molde e não mais uma desconfiguração.

E tudo isso pra dizer que a noite de domingo pode até ter me feito ir dormir tarde, mas me fez acordar pra algo que eu julgava estar adormecido.

Posso acreditar?


Por enquanto, estou dispensado os textos.
Apreciando as impressões. O que, nem de longe, chega a ser ruim.

“Xangô me mandou lhe dizer: Se é canto de Ossanha não vá, que muito vai se arrepender.
Pergunte ao seu orixá... Amor só é bom se doer”

Mas isso não dói. Pelo menos, não por enquanto. Nem parece ser esse o futuro. Mas, desde já, parece bom.

domingo, 18 de junho de 2006

Elis Regina - Medley 1976

sábado, 17 de junho de 2006

Can you save me?


“A vida é feita de perdas e ganhos”.
Concordo. Mas existem coisas que ficam no meio do caminho: umas podem ser consideradas como ganhos e (muitas) outras podem ser consideradas como perdas.
Por exemplo, sábado á noite e eu aqui, em casa, fazendo nada. Pensando em algo pra escrever, na verdade. Isso pode ser considerada uma perda ou um ganho na vida? Daqui a quarenta anos (se eu conseguir viver isso tudo) respondo.
E aonde é que se pretende chegar com essas divagações?
A lugar nenhum. Ou ao outro lado da rua, quem sabe?
Porque eu cheguei em um ponto que só em atravessar a rua pode ser considerado um novo passo, uma nova descoberta.

É um suspiro mais profundo e uma vida mais vazia. O contraste perfeito. A ironia apropriada.

quinta-feira, 15 de junho de 2006

Cheio de Grace


E o feriado segue como qualquer um dos outros dias: estagnado.
O meu problema é essa rotina.

[ E eu acho que já descobri do que sinto falta.
Sinto falta daquela expectativa.
De acordar sabendo que algo pode acontecer mais tarde. Sinto falta de andar e sentir o sol arder nas minhas costas, mas saber que, de certa forma, tudo está (relativamente) bem. ]

E é tão simples sair daquela rotina e fazer algo diferente. Mas me falta ânimo. Chego à beira do precipício, mas reluto em pular, por puro medo de me machucar.

Mentira. Nunca tive medo de me machucar. Mas é que depois de várias quedas, você começa a repensar em quais situações vale realmente a pena se ferir.

quarta-feira, 14 de junho de 2006


E nem é pelo vento frio que entra aqui, mas a temperatura realmente vem caindo ultimamente.
Mas é que existem dias e dias. E hoje é um daqueles dias. Justamente um dia em que você queria olhar pros lados e sentir um certo olhar, um certo toque...

Eu preciso ler, sair dessa rotina estudantil. Isso acaba com a minha subjetividade. E o que eu posso fazer com essa maldita objetividade que se instala por aqui?

(Post do dia 13/06)

terça-feira, 13 de junho de 2006

Faltas


E eu lembro de quando eu era criança e ainda tinha dentes de leite. Adorava ficar mexendo no dente mole até ele cair. E adorava mais ainda, depois de arrancar o dente, passar a língua pela gengiva e sentir um oco.
E hoje eu sinto um certo vazio, mas não na boca. Um vazio em um aspecto muito maior na minha vida. É como olhar no espelho e não me reconhecer, não me sentir completo. Olha-se desesperadamente procurando pela parte que falta, mas sem saber ao certo que parte é essa. Sem saber ao certo que falta é essa.

Mas o mais engraçado é perceber que essa falta não é tão desesperada quanto as de antes. Há algum tempo atrás, eu, provavelmente, enlouqueceria com isso. Mas hoje, essa falta é sentida, mas não chega a ser o meu grande incomodo.
Mentira. Incomoda, sim. Mas eu reluto em admitir isso.
E daí eu penso em P. e na história do amor ser o desencontro entre o ser amado e o amante.
“O amante toma a iniciativa e escolhe o objeto do seu amor. E é justamente por ter consciência dessa falta que ele parte em busca do ser amado, acreditando que esse possa suprir a sua falta. Mas o que ele desconhece é que o amado pode até ter algo a mais, mas isso não significa que esse algo seja capaz de suprir a sua falta.
Um tem apenas a mesma falta que o outro também tem, e essa é a única coisa que ele tem para oferecer”. Sendo assim, o amor é apenas um grande vazio, mas que é capaz de completar.

Sinto essa mesma falta que é desconhecida pelo ser amante, mas não sinto falta de um ser amado. Talvez eu sinta falta de ser um ser amado. Talvez eu sinta falta de me sentir completo, mesmo estando só.
“E aí, procurando o que?” Perguntaram-me ontem.
Não sei. Não sei o que procuro, mas procuro alguma coisa. Na esperança de que, quando achar, possa reconhecer.

domingo, 11 de junho de 2006



E eu prefiro me tornar uma pessoa cínica, mau-humorada e super bem-educada, daquelas que sabem fingir com maestria, a me deixar sorrir por pequenas doses de felicidade coletiva.
Mas, de certa forma, não somos todos falsos e não fingimos o tempo todo?
Sim, sim, claro.
Mas existe uma diferença crucial: algumas pessoas, com o tempo, passam a acreditar na própria mentira. E acreditar na própria mentira é como passar você mesmo para trás: não há perdas nem ganhos.
(ok, viver sem perdas e sem ganhos, mesmo sendo uma atitude conformista, não me parece tão ruim)
(mas hoje eu acordei diferente: não será que chegou a minha hora de ganhar um pouco?)
(e eu me sinto tão ridículo lendo essas frases: até parece que eu perdi minha mãe no parto e que meu pai passou a minha infância toda me espancando e que minha irmã virou traficante e, no meio disso tudo, eu me tornei um garotinho bonzinho, que vai à escola e percebe a pena nos olhos de quem me vê...)
(minha vida está bem longe de ser um desses filmes da sessão da tarde. Graças a Deus!)


Mas não será naquele ponto, naquele momento em que elas deixam de reconhecer a verdade e passam a admitir que tudo faz parte de suas vidas, que elas se tornam realmente felizes?
...

sexta-feira, 2 de junho de 2006

Sexta à noite


Sexta-feira à noite e eu, mais uma vez, fazendo minha peregrinação rumo a lugar nenhum. E aí começam as loucuras (que, na verdade, são um grande pedido de socorro). Passeei entre as crianças, pra ver se consigo resgatar aquilo que eu um dia fui: inocente. Mas não consigo. Não consigo porque já estou dentro de um mundo no qual a inocência passa ser sinônimo de idiotice. E isso, ninguém quer assumir que é (embora eu já tenha vestido essa carapuça várias vezes).
Engraçado perceber como as pessoas se assustam diante de um comportamento que elas não esperam de você. E olha que eu até fui previsível (como se isso fosse alguma novidade).
E não é sempre assim?
São ruas que se percorrem e caminhos que trilhamos não porque já sabemos aonde vamos chegar, mas justamente por estarmos totalmente perdidos e em busca de qualquer coisa que soe familiar ou pelo menos agradável, bom pra se ficar.
O maior problema é quando todos esses lugares já parecem ultrapassados: já se esteve ali, mesmo que tenha sido em sonho. E qual a graça de se viver em um sonho?
Por mais incrível, ou absurdo, que pareça, eu prefiro viver essa realidade agridoce a me entregar a um sonho açucarado.
(E até eu mesmo me espanto ao ler essa frase. Sempre acreditei que queremos, e buscamos, viver em um sonho. Mas sonhos são perfeitos demais para alguém cheio de imperfeições. E não me refiro apenas àquelas que são visíveis).
À noite, todos os gatos podem ser pardos, mas nem todos os sonhos são bons. Alguns simplesmente são pesadelos disfarçados. Então, a principal escolha é: viver um sonho (uma completa mentira) ou viver uma realidade inventada (uma mentira parcial, porque, afinal, todos nos enganamos o tempo todo).

Troco meus 4 dentes de trás por uma passagem para a Islândia.