quarta-feira, 28 de maio de 2008

Quanto mais essa vaca na minha vida


Até que ponto a gente perde o controle do nosso futuro, e da nossa vida presente, a ponto de se submeter a coisas que não são tão agradáveis?

Assim, de cara logo, sem piscar.

Essa semana passei dois dias em uma cidade do interior que, embora seu nome sugira uma novidade, um recomeço; pra mim, representou o fim.

Sozinho, em uma cidade minúscula, preso a uma semi-vida que rejeita questionamento, eu me atrevi a lançar a primeira pergunta: até que ponto eu consigo? Porque, no final das contas, tudo isso acaba sendo um teste de resistência. E o problema, por mais que incomode, nunca foi físico: sempre foi psicológico.

(Até que ponto eu consigo suportar as minhas escolhas?)

Inevitavelmente, a vida da gente é feita de escolhas que devemos sustentar até que aquilo que as iniciou se conclua. Mas esse pensamento seria maravilhoso se nós apenas tomássemos as escolhas corretas...

O grande problema de toda essa divagação é a incerteza. Algumas escolhas que tomamos hoje só teremos respostas no futuro.

(...)

Talvez falte paciência para esperar ou simplesmente talvez não haja nada a se esperar...

Cético?!

Eu?!

domingo, 18 de maio de 2008

Adjetivos


Engraçado é que as campanhas publicitárias de um determinado momento vendiam a constante idéia de ter atitude e personalidade, como se essas coisas fossem algo engarrafados e prontos para beber.

E então você cresce e continua ouvindo que é preciso definir uma personalidade, a sua personalidade, e que ela precisa ser única e diferente dos outros. Mas, o que realmente modela a nossa personalidade?

Já li e ouvi em alguns lugares que a criança só tem sua personalidade moldada até os sete anos de idade. Mas será mesmo que sete anos são suficientes pra definir quem você vai ser pro resto da sua vida?

Ta, é bem verdade que isso pouco me importa. O que eu fico me questionando é o que realmente defini quem nós somos?

Existem diversos adjetivos utilizados para definir alguém: bonito, feio, bacana, simpático, chato e, na pior das hipóteses, exótico... Embora eu não acredite que um simples adjetivo consiga resumir tudo aquilo que somos. Não acredito que sejamos tão fáceis de sermos resumidos.

Quando você se olha no espelho, o que você realmente consegue enxergar? Porque, definitivamente, existe muito mais de nós que não conseguimos ver do que aquilo que o espelho mostra. E talvez esse seja o aspecto mais relevante da história: aquilo que somos, mas não sabemos que somos.

Podemos ser/ter/fazer várias coisas que, no final das contas, não prestamos muita atenção, mas que, inevitavelmente, ajudam a definir quem nós somos. Mas se essas coisas estão tão escondidas e nem nós mesmos percebemos, como identifica-las?

Não há espelho no mundo que resolva esse problema.

...

Talvez seja necessário que o reflexo não seja dado pelo espelho, mas por nós mesmos. È um exercício constante e diário (cansativo em certos momentos), mas extremamente necessário para que possamos nos conhecer melhor. Assim, a gente aprende que certos adjetivos não conseguem refletir metade daquilo que realmente somos.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Alice compreende


Engraçado como você tentar usar as coisas do seu dia-a-dia para justificar outras ações: é um entrevistado que fala sobre mudanças; é a sua vida, que embora tenha mudado ultimamente, parece precisar de novas transformações. Mas será que é realmente necessário algo para justificar a necessidade de uma outra coisa?

Muda-se de carro porque o anterior começou a dar problema. Muda-se de casa, porque a que se morava ficou pequena. E assim por diante. Mas por que não aprendemos a fazer algo simplesmente porque queremos fazer?

Mas isso não seria se entregar aos desejos?

Provavelmente.

Os budistas acreditam que não devemos ser escravos das nossas vontades, nem sermos entregues aos nossos desejos. Bem, para minha sorte, eu fui criado dentro de um cristianismo bastante frouxo, que sempre me permitiu desejar e querer qualquer coisa.

(é bem verdade que esse pensamento deve estar mais ligado à economia na qual vivemos, mas eu não estou a fim de enveredar por essa linha).

Não falo aqui de desejos materiais, mas de coisas mais subjetivas: de aspirações, do que se espera e de todas as outras coisas sentimentais e filosóficas que possam fazer parte da nossa vida.

Anseios.

...

Nesse exato instante, estou cheio de expectativas em relação a minha vida. E embora eu não possa controlar todas elas, posso me dedicar àquelas que estão mais próximas. Antes de entrevistarmos um fotógrafo, eu, R. e B conversávamos sobre coisas que gostamos e não fazemos mais.

Sempre gostei de escrever aqui e, seja por falta de inspiração, seja por falta de dedicação, acabei deixando de lado. Mas agora não mais. Não vou utilizar a experiência do fotógrafo para justificar esse texto, mas sim a minha própria vontade de retomar aquilo que comecei.

Faço isso por mim e para mim.