terça-feira, 28 de junho de 2005

Sonhos

Hoje acordei com a sensação de que deveria ir. Partir antes que mude de idéia e resolva ficar. É verdade que eu ainda não sei bem para onde devo ir, mas só pelo fato de acordar e perceber que devo ir, já me fez sentir melhor.
Às vezes, é preciso perceber que a melhor coisa a se fazer é justamente fazer algo, porque não adianta ter a consciência e cruzar os braços. Acredito que um dos aspectos da maturidade seja justamente esse: saber encarar os momentos.
Mas no auge dos meus vinte anos e da minha idiotice romântica, eu gosto de viver com a expectativa, imaginando/idealizando o meu futuro. Para um maduro, essa atitude é abominável, como se sonhar fosse um grande mal, quase uma doença ainda sem cura. Entretanto, concordamos ao dizer que o mundo não é tão belo quanto nos sonhos. Mas, para mim, é isso que torna o sonho tão válido.
Talvez os maduros já tenham sido sonhadores, mas com o tempo e com as desilusões passaram a se privar, porque é realmente doloroso ter uma expectativa desfeita. E depois de uma desilusão, podemos assumir duas posições: uma cética, que quase nos torna frios; e uma esperançosa, daqueles que choram e se recompõem com o tempo, e se permitem sonhar novamente.
E é justamente nesse ponto que eu acredito que os maduros pecam, porque, para mim, o medo é uma característica infantil.
No fotolog da M. está escrito “Qual é a graça de se chegar ao final da estrada quando se parte rumo ao nada...”. Talvez os sonhos precisem ser desfeitos: Me diga qual a graça de atingirmos um ideal, quando o grande prazer se encontra na busca?
Todos precisamos de sonhos, de metas. E é justamente no percurso que acontecem as melhores coisas da vida: vivemos. É aí que temos a oportunidade de explorar um vasto mundo ao nosso redor, podendo encarar isso de frente, sem o medo dos indiferentes.
A quebra de um sonho não deve significar o fim, mas sim o início de um novo ideal, com uma nova busca. E nesse novo caminho é preciso estar aberto a tudo aquilo que vamos encontrar. Sejam coisas boas ou ruins, ambas são importantes, pois são elas as grandes responsáveis pelas alegrias.

quarta-feira, 22 de junho de 2005

Necessidades

“Fala da necessidade de uma pessoa em nossa vida”: foi essa a mensagem que o E. me mandou pelo MSN. É engraçado como uma simples frase pode nos pegar de uma forma tão inesperada. Se essa frase tivesse sido pronunciada há dois dias atrás, talvez eu tivesse me identificado de imediato com ela. Mas hoje, ela simplesmente passa por mim sem causar nenhum sentimento (a indiferença é um sentimento ou a falta de um?).
É engraçado como achamos que nossa felicidade está ligada à existência de uma outra pessoa. Entretanto, essa existência precisa estar próxima à sua; de outra forma, ela apenas consegue causar sofrimento.
A grande questão que me toma agora é: Por que achamos que a nossa felicidade está ligada a um relacionamento, a uma outra pessoa?
Na casa do M., ele solta a seguinte frase: “Você é o universo”. Admito que na hora discordei totalmente disso. E hoje, ela ainda me parece absurda, porque eu acredito que ninguém é tão completo assim; entretanto, ela faz um pouco mais de sentido. Por que achamos que precisamos abrir mão do nosso mundo e partir em busca da felicidade, que acreditamos estar ligada ao outro?
Às vezes, chego a ser cético e me entrego ao pensamento de que, em alguns momentos, o melhor a ser feito é se fechar, se preservar. Entretanto, não para sempre, apenas por um tempo. Tempo suficiente para se acalmar, respirar e seguir em frente.
O ser humano precisa de outros para conviver. Mas também precisa de si mesmo para existir de forma completa. Talvez seja por isso que sempre procuramos por alguém: porque é muito mais complicado encontrar a si mesmo, e tentamos encontrar no outro aquilo que nos falta. Mas, para que se possa abrir as portas do seu mundo é preciso que elas tenham sido fechadas, para que assim possamos nos conhecer melhor.
Não falo em se conhecer por completo, porque isso me parece impossível. Falo em ter consciência de quais são seus sonhos, seus anseios, seus medos, fraquezas e forças.
Porém, essa é uma das tarefas mais complicadas, porque temos medo do espelho. Acreditamos que somos maiores e melhores; porém, o auto-conhecimeto nos força a encarar o real.
Então, maior demonstração de coragem do que preparar as malas e partir é desfazê-las e ficar, encarando a si mesmo.

segunda-feira, 20 de junho de 2005

Prazer?

Uma das grandes diferenças, para mim, entre as pessoas mais novas e mais velhas está na posição que elas assumem diante do amor: as mais velhas se mostram mais céticas, fechadas, enquanto as mais novas ainda têm seus sonhos (ou ilusões). Será que a maturidade é isso: anular as perspectivas de uma vida amorosa?
Se por um lado, a impressão que eu tenho é de que todos só estão interessados em sexo (massa da qual eu me recuso a fazer parte); por outro, ainda há uma minoria (muito bem escondida, por sinal) que acredita que possa existir um sentimento sério. Entretanto, as pessoas mudam de opinião muito fácil: depois de uma desilusão (seja qual for a intensidade dela), todos entram para o time dos céticos e tarados. Mas por que, para os outros, é tão simples mudar?
Talvez, o time da maioria seja o time mais fácil, mais cômodo: por isso, está sempre ganhando. As pessoas não querem complicações nem conflitos. É mais fácil limpar o gozo depois da transa do que lidar com os anseios de uma pessoa. Existe um medo em se desfazer os sonhos dos outros e um maior ainda em ter que encarar os seus sonhos desfeitos.
Concordo quando se diz que não devemos complicar a vida, embora eu também acredite que não devemos torná-la tão fácil. As vezes, é preciso de alguma complicação para se animar ou dar sentindo a situação. Qual é a graça de se acordar todos os dias sabendo que seu dia será igual aos demais: acordar, trabalhar, gozar, dormir? Porque não há mérito nenhum no prazer por prazer, isso se consegue até com uma árvore. Digam-me se há prazer maior em ver o outro sentindo prazer (proporcionado por você) e saber que aquilo não é em vão, mas sim resultado de vários sentimentos?
“Seus princípios valem mais do que qualquer outra coisa”: essa foi a minha sorte do dia no Orkut. E eu sou obrigado a concordar. Os meus princípios são fortes, mas não são hermeticamente fechados. Eu até consigo entender as necessidades sexuais das pessoas, embora não consiga participar. Mas não pensem que eu sou uma santa pudica, porque eu não sou.
Eu não sou o rei da bondade, muito menos o senhor da moral e da boa conduta, apenas, hoje, eu prefiro acreditar que eu serei muito mais feliz se seguir esse ideal. Posso até perder algumas oportunidades que os outros julgam como únicas, mas eu prefiro seguir um caminho mais difícil a entrar na fila do conformismo.

sexta-feira, 17 de junho de 2005

Oportunidades

“Não menospreze a sua própria oportunidade”. Foi a mensagem que apareceu pra mim hoje no Orkut. Talvez eu realmente precise aprender a não desprezar tudo aquilo que me é dado. Mas o que se pode fazer quando tudo aquilo que nos é ofertado não aparenta ser bom o suficiente?
Então, o primeiro passo seria me livrar de um complexo de superioridade que, por mais que eu tente esconder e negar, me persegue. Mas o que me alegra (ou me exime de sentir culpa) é saber que esse defeito não é apenas meu: todos, de certa forma, se julgam um pouco melhor do que os outros. Quando comparamos, até nossos defeitos parecem ser bem melhores e bem mais interessantes do que o dos outros.
Mas, se todos se julgam superiores, como conseguimos estabelecer relações, sejam elas de amizade ou algo mais sério com os outros? Sim, por que se partimos dessa perspectiva, somos como urubus que sobrevoam a carniça.
Talvez o equilíbrio para as relações esteja nesse pensamento escatológico: se pararmos pra pensar, perceberemos que não somos os urubus, mas a própria carniça, que, de tão podre, não consegue perceber o quão medíocre é o seu pensamento. Nesse ponto, adquiro um complexo de inferioridade em relação ao meu complexo de superioridade.
Como pode: um ser que, aos 20 anos, se julga à frente de toda uma comunidade? Pretensão. E não pensem que eu não sinto vergonha em admitir isso. Tenho tanta vergonha disso que prefiro esconder de mim mesmo.
Se por um lado, essa pretensão me reduz (porque eu sei, e acredito, que não há pessoas melhores do que outras), ao mesmo tempo ela me leva pra frente, porque me torna mais seletivo em relação às amizades: acabo me aproximando de pessoas que tem algo de interessante a acrescentar.
Nesse ponto, saímos da pretensão e entramos no interesse. Sim, independente de qual seja, sempre há um interesse. O que os distingue é que alguns interesses são aceitáveis, como o simples interesse de amizade, por exemplo.
...
Eu não menosprezo as minhas oportunidades, eu simplesmente não as vejo como oportunidades, mas sim como coisas do cotidiano. Na verdade, o meu problema é não conseguir me entender. Todos somos resultados das nossas qualidades e, principalmente, dos nossos defeitos, com todos os demônios que temos direito.
Sim, possuímos demônios internos e, por favor, não me exorcizem: eles são a melhor parte de mim.

quarta-feira, 15 de junho de 2005

Novidades

Pois bem. Após uma pizza, eu e M. fomos para a casa do M.. Em meio a fontes e HD’s, eu escuto a seguinte frase: “O que devemos fazer é tirar a pessoa daquele mundo”.Confesso que até agora essa frase não me faz sentido algum. Talvez porque em minhas breves experiências, eu apenas tenha tentado criar um novo mundo, dando um pouco do meu e inserindo um pouco do outro.
Talvez seja justamente por isso que nenhuma das minhas tentativas de iniciar um relacionamento tenham dado certo. O que me garante que a felicidade de um relacionamento está em um mundo criado para a sua existência?
Mas sabemos que um novo mundo, com novas perspectivas, sempre é algo atraente. Mesmo que esse novo mundo só seja interessante no início. Não sei se isso ocorre apenas comigo, mas a possibilidade de entrar em contato com o novo me agrada e, de certa forma, me seduz.
Infelizmente, a seqüência lógica do pensamento também costuma ser a realidade mais insana.
Ao chegar em casa, ligo a televisão e vejo um certo programa que me faz relembrar uma novidade que me foi apresentada há alguns meses atrás. Enquanto assistia ao programa, percebi que nem sempre as novidades são tão boas. E se, de alguma forma, aquele relacionamento tivesse ocorrido, até que ponto a previsibilidade da situação seria encarada como novidade?
Talvez o que nós precisamos não sejam de novidades a todo instante. Talvez seja preciso apenas se perceber que o velho mundo pode servir de cenário, porque as mudanças e as novidades são necessárias, mas não são elas que devem sustentar a relação.

terça-feira, 14 de junho de 2005

Apresentação

Enfim, criei esse blog para deixar meu pensamento correr ordenadamente livre. Mas sem pretensões literárias ou qualquer coisa que o valha.
Primeiro, é preciso esclarecer que esse texto foi escrito antes da criação do blog, porque, pelo menos para mim, devemos aproveitar o memento: como não possuo tendências literárias, preciso aproveitar o instante em que a idéia me chega; caso contrário, acordo com a mesma sensação de uma adolescente após um aborto.
Acho que de início, essas palavras bastam, uma vez que ninguém (pelo menos eu acho) irá ler o que aqui estiver.

Por isso, abraços a vocês que não estiveram aqui