segunda-feira, 31 de julho de 2006

Senilidade juvenil.


E eu sinto um peso e uma certa angústia que não deveriam ser normal. Mas já se tornaram algo tão presente que eu me pergunto se saberia conviver sem elas.
Ontem à noite, tomei um remédio pra dormir, mas que não fez afeito nenhum: fiquei deitado na cama por algumas horas pensando em nada (ou em coisas abstratas demais), o que não deveriam perturbar o sono de alguém que tomou algo.
E qual foi a razão daquele choro, mesmo?
Acredito que cheguei em um estágio tão letárgico da minha vida que não preciso mais de motivos concretos pra chorar. Apenas sinto essa angustia e um leve desespero crescendo por aqui.
...
E tudo já amanhece velho. Já começa pelo fim. Na verdade, é como se tudo apenas terminasse: o começo é sempre aquilo que eu procuro, mas que eu nunca consigo encontrar.
E, às vezes, cansa procurar.

quinta-feira, 27 de julho de 2006

E assim vamos... (no singular, pra ser mais exato)

E o Cartola começa cantando mais ou menos assim:
“Quem me vê sorrindo, pensa que estou alegre. Mas o meu sorriso é por consolação. Porque sei conter, para ninguém ver, o pranto do meu coração”.
E eu estava voltando pra casa me achando parecido com a música, mas depois vi uma diferença: não há pranto no meu coração. Simplesmente porque eu me tornei indiferente a minha própria vida. Sorrio apenas por conveniência e não pra esconder um choro.
Eu sento aqui e olho pra mim mesmo com uma indiferença assustadora. Consigo chorar assistindo um filme, mas não consigo chorar por mim mesmo. Consigo sentir a solidão e a tristeza das pessoas que convivem comigo, mas não percebo a minha própria.
E assim eu sigo: acordo porque o sono acabou, e não pra viver um novo dia. Saio de casa por obrigação e não por desejo de encontrar o desconhecido.
E aí eu lembro da Clarissa conversando com o Richard: “Mas e daí? É isso o que as pessoas fazem: elas ficam vivas pelas outras”.

(Mas, antes de seguir, é preciso deixar bem claro que eu não tenho tendência a cometer suicídio. Apenas me faço algumas perguntas)
Hoje, no caminho pra faculdade, fiquei olhando pras pessoas que dirigiam. É engraçado perceber a vida que elas imaginam ter (ou talvez até tenham e eu subjugue isso): é a pressa pra chegar; é o celular que toca e é atendido prontamente. É a tal da rotina que justifica a vida. E embora eu tenha a minha rotina e a siga todos os dias, ela não me parece ser a razão pela qual eu estou aqui.
E isso me fez chorar.
E me fez perceber o quão ridículo eu sou. Pra uma pessoa que começou se dizendo indiferente em relação à própria vida, derramar algumas lágrimas por causa disso soa altamente contraditório (Graças a Deus).
E isso talvez seja pelo simples fato de que eu não tenho noção da minha vida. Não que seja alienado dos meus sentimentos, mas é que depois de certas coisas, eu comecei a me enganar, vestindo uma indiferença que eu nunca tive, porque parar de pensar, por um certo tempo, passa a sensação de facilidade. De felicidade, também.
...
Então, digamos apenas que eu não quero mais fingir ser indiferente. Quero me permitir sentir tudo novamente, guardar cada sensação, cada impressão, cada detalhe que me faça perceber (e sentir) que a minha vida não é apenas mais uma coisa.

quarta-feira, 26 de julho de 2006

But for today I am a child...


E se a vida é realmente uma grande procura, eu já não quero achar mais nada. Porque depois de um certo tempo, a sensação que eu tenho é que caminho no deserto e tudo aquilo que eu vejo à minha frente não passam de miragens: simples delírios criados pela minha cabeça confusa.
Porque embora eu sabia que a minha felicidade está dentro de mim, eu insisto em procurar por ela do lado de fora, sem levar em consideração toda a maldade que existe do portão pra lá.
...
E daí você caminha, porque não há outra opção. E, de repente, você se sente perdido: olha-se para os lados e não reconhece mais o caminho. Não se reconhece mais em nada. Nem em você mesmo.

segunda-feira, 24 de julho de 2006

Só mais uma constatação


Sorte de hoje:
A vontade das pessoas é a melhor das leis.

Pra uma pessoa impulsiva, isso não pode ser considerado uma sorte, mas uma rotina.
De sábado pra domingo eu não consegui dormir: virei a noite no meu quarto vendo filmes. Às 5:30 da manhã, peguei o carro e saí sem rumo (nem tão sem rumo assim), simplesmente porque deu vontade.
E eu faço muito as coisas que me dão vontade e pouco as que são preciso fazer. Vivo totalmente entregue aos meus desejos momentâneos (e não pensem besteiras, por favor).
Mas aí eu fico aqui pensando: até que ponto a nossa vontade pode ser a nossa lei? E, principalmente, como saber se aquilo que eu quero fazer é realmente o melhor a ser feito?
Essa última pergunta, eu acredito que deva ficar sem resposta, porque simplesmente não há como saber. Fazemos porque sentimos ser o certo e aí arriscamos (e depois só nos resta ficar torcendo com os dedos cruzados e cantando mandingas).
O problema não saber se uma coisa é melhor do que outra, mas saber parar, dentro do meu desejo impulso, e ponderar. Isso é bem mais complicado. Porque a impulsividade está ligada a vários outros sentimentos que são cegos por natureza.
A questão não é ser uma pessoa impulsiva, mas ser sensato. O problema é que eu nunca soube ponderar nada e sempre fiz o que me dava vontade, mesmo quando eu sabia que o final não seria dos melhores.
E aí eu percebo que talvez o problema nem seja a impulsividade, mas sim a burrice.
Burrice sim.
Burrice por não saber controlar meus sentimentos e acabar me desesperando. E, até onde saiba, desespero e impulsividade embora se justifiquem e se completem, ainda assim são diferentes.

quarta-feira, 19 de julho de 2006

E tinha uma m**** no meio do caminho

E toda aquela conversa de ir com calma e dar um passo de cada vez é uma grande bobagem. Eu ainda não consigo, porque dentro da minha cabeça as coisas funcionam diferentes.
Esse negócio de conter as expectativas é uma grande m****, porque simplesmente eu não consigo chegar no espelho e dizer: ok, agora eu vou parar de gostar.
(e nesse parar de gostar, entram todos os aspectos românticos e quase doentios que eu carrego comigo)
(doentios em relação aos meus próprios pensamentos)
(ah, deixa pra lá)

E isso tudo é tão complicado...
Porque das outras vezes eu sinto que as coisas acabaram antes do tempo justamente porque eu sempre fui muito precipitado: disse e fiz coisas antes do tempo e, mais importante, sem ter certeza dos sentimentos que saiam e, muito menos, daqueles que entravam.
Então, o natural, depois disso, seria ir com calma e dar um passo de cada vez. Mas isso é quase impossível pra uma pessoa ansiosa e de pernas compridas: acabo correndo...

terça-feira, 18 de julho de 2006

My Noah's Ark

Ah, quer saber?
Tudo bem também se não quiser saber...
É engraçado como você é capaz de sentir certas coisas, mas a cabeça não funciona. E você fica aqui sentado tentando pensar em algo pra escrever... O que chega a ser ridículo.
Cheguei a escrever sobre a sensação de estar sentado sobre a própria vida, mas isso me parece dramático demais.
Mas eu estou querendo fugir de certos dramas.

Taí. Exatamente como eu queria que fosse: uma festa cheia de bêbados insanos. Assim eu seria feliz.
Pelos menos, enquanto tivesse cerveja.

segunda-feira, 17 de julho de 2006

Minha consciência me diz que...

Inevitavelmente, você acaba aprendendo certas coisas com o tempo. E aí você também acaba percebendo que, de certa forma, já viveu alguma coisa.
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Ontem, me perguntaram o que eu aprendi com os meus relacionamentos anteriores (não, não estava completando o profile do orkut). Mas eu fiquei calado, porque eu achava que não havia aprendido nada relevante. O que, na lucidez do dia, é uma grande mentira.
Com aquilo que eu acredito que foram meus relacionamentos anteriores, eu aprendi a ficar sempre com um pé atrás e não ser tão entregue. Descobri que uma pitada de dúvida é sempre necessária, pois mantém a expectativa.


Aprendi a ouvir a pulga que vive atrás da minha orelha, porque ela sempre me dava alguns conselhos, mas eu os ignorava. Hoje, sei que ela não é tão estúpida quanto eu queria que ela fosse.
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Talvez porque a pulga não seja, necessariamente, uma dúvida: ela também pode ser uma consciência disfarçada.

sábado, 15 de julho de 2006

Deixa eu brincar de ser feliz...

Sábado pela manhã e eu acordo com uma sensação de fim de dia. Embora o dia se mostre maravilhosamente bonito, tudo o que eu quero é um quarto escuro, uma cama e um sono profundo. A M. vive falando que quer fazer “sonoterapia” e eu sempre dizendo que era loucura dela.
Hoje, confesso que me convidaria para fazer junto.
E podem dizer que isso não é bom, que dormir o tempo inteiro só vai servir pra fugir dos pensamentos e tudo o mais. Mas, e daí? Deixe um comentário aquele que se importar tanto assim com a minha vida.
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Sei que escrevo pra ninguém. E isso não me incomoda: sei que não é apenas no fotolog que eu estou sozinho. A solidão não é tão pequena e restrita assim, porque eu consigo senti-la por todos os lados.
Estou sozinho na vida, no blog, no msn ou qualquer outra coisa eletrônica e virtual apenas me fazem perceber isso.
E com certeza a culpa não é dos outros, mas minha mesmo. Eu sempre me afastei de tudo o que uma pessoa em sã consciência se aproximaria. Mas, seja por medo ou por pura chatice mesmo, eu sempre corri na direção contrária. E hoje, pago o preço por isso.
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O bom de ser sozinho é poder ter um blog onde se pode escrever o que quiser e ter a certeza de que ninguém vai ler.

sexta-feira, 14 de julho de 2006

Hope Theres Someone

Sorte de hoje:
Você passará por algumas experiências maravilhosas



Podem até me chamar de bobo por acreditar em uma sorte virtual, mas eu me pego a essa frase como se ela não fosse uma simples brincadeira, mas sim uma profecia.
E é até ridículo alguém se deixar chegar nesse estágio semi-letárgico no qual eu me encontro. Mas é que, depois de um certo tempo, você começa a ver que poucas são as coisas que valem a pena se entregar e se permitir sentir. Daí, inevitavelmente, você se torna uma pessoa esperançosamente apática.
Por comodismo: é mais fácil não sentir nada do que sentir e sofrer, eventualmente.
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Assim como é da mesma maneira eventual que tudo parece mudar e você se pega esperançoso novamente. Mas não numa esperança dissimulada.
Bem no fundo, ela se mostra verdadeiramente esperançosa.
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quinta-feira, 13 de julho de 2006

Cripple & the Starfish





E depois me perguntam porque eu gosto tanto dele...!

O meu umbigo está um pouco sujo...


Uma vez eu escrevi que não conseguiria viver sem esperar nada das pessoas, que não conseguiria viver com em nível tão grande de apatia. E, desde então, pouca coisa mudou, porque eu ainda espero alguma coisa das pessoas.
Mas, mais do que eu esperar alguma coisa dos outros, eu me preocupo muito mais com o que esperar de mim mesmo. Mesmo eu falando que sou repetitivo e previsível, eu não consigo saber o que esperar de mim. O meu futuro parece muito distante da minha vida.
E talvez esse seja o grande problema em se acreditar em destino: tudo o que acontece parece estar tão distante da sua vida que você acaba deixando correr frouxamente. E passamos a ser meros expectadores da nossa própria vida, pois seguimos a frase “O que há de ser tem força” (ou qualquer outra coisa parecida).
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Eu não quero chegar a uma conclusão, falando que deveria criar vergonha na cara e assumir a culpa dos meus atos e as conseqüências deles, que isso sim é maturidade e todo aquele blá blá blá de final de texto. Não quero chegar a uma conclusão porque poucas coisas são conclusivas.
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Deixem-me aqui ruminando minhas idéias.

quarta-feira, 12 de julho de 2006

The Lake



E eu não vou escrever um post altamente encantado e apaixonado, porque não é assim que eu me sinto. O que chega até a ser irônico, pois o momento foi inesquecível, mas de uma forma amigável.
Amigavelmente exato.

terça-feira, 11 de julho de 2006

What can i do?


Estranho sentar aqui e perceber que a vida está sendo vivida de certa forma, mas sentir que dentro disso tudo ainda falta alguma coisa.
É exatamente como no trecho daquele filme: “sente-se uma certa falta, como um amputado sente o membro que lhe falta”.

Sorrindo apenas do rosto pra fora, porque lá no fundo ainda existe um pedacinho de melancolia que contamina todo o resto. E isso me faz pensar que felicidade não é ser feliz de fato, mas é aprender a conviver com essa melancolia.

sábado, 8 de julho de 2006

S.F., Analyse this...


E tudo vai relativamente bem. Por isso esse Fotolog anda tão parado. E é até engraçado parar pra perceber isso: de certa forma, a tristeza justifica a minha vida.
É justamente quando estou triste e reclamando que não tenho vida, que me sinto vivo.

Vou bem ali pensar nisso e volto já.

segunda-feira, 3 de julho de 2006

Apenas uma chuva.

- E a vida, como vai?
- Indo.

E eu só espero que ela consiga chegar em algum lugar agradável.
Embora isso me pareça um pouco complicado.

Porque quando damos o primeiro passo, achamos que haverá um último e que o caminho nem será tão longo assim. Mas logo nos cansamos e passamos a nos questionar: e se pararmos aqui, os passos que já foram dados terão sido em vão?
Mas ainda assim continuamos a caminhar, mas não mais para ver o que vem depois, mas sim para justificar o que já foi feito. Pra dar sentido ao passado.
O que me parece uma grande tolice.

E é por isso que estou aqui, pensando em iniciar uma nova fase. Porque eu sinto que eu cheguei naquele ponto em que ou se dá um paço à frente e cai num precipício (o que é bom), ou fica-se parado esperando uma luz divina ou um caminhão passar por cima (o que acontecer primeiro)...
E de esperançosos e tolos, os blogs e o inferno estão cheios.

O que fazer quando se pretende ser um ser humano melhor?
Por favor, nada de idéia extremas (como doar as roupas e virar eremita). Quero apenas me tornar um ser humano melhor, e não o próximo Dalai Lama.
Mas recuperar parte da inocência é algo trabalhoso. Exige força de vontade.
E tudo em mim é frouxo. Os desejos são frouxos e os sonhos são intensos; mas esses, ficam em outro plano. E, na abstração, tudo é mais forte.

domingo, 2 de julho de 2006

The soundtrack


E qual a trilha sonora ideal para embalar sua vida?

- Antony, por favor.

Porque, no final das contas, é esse o meu maior medo. Olhar pra dentro e não conseguir mais achar o que um dia eu achei que era. É como olhar para dentro e só achar pequenos pedaços de Hitler dentro de alguém que veste uma carapuça de anjo e de santo, porque foi assim que lhe ensinaram a ser.