sexta-feira, 30 de setembro de 2005

Crescer

E mais uma vez eu volto aqui e tento rever todas as coisas que já fiz e vivi até hoje. Admito que não foram tantas experiências assim, mas todas elas foram intensas, da sua forma, e me deixaram em um estado que, isso eu posso garantir, foram o mais completo que já me senti.
Engraçado perceber que essa sensação de completitude existiu justamente nos momentos em que eu senti que meus sentimentos estavam bagunçados. É como se a loucura dos sentimentos e a expectativa me fizessem bem.
Acho que já falei isso alguma vez, mas eu preciso dessa expectativa. Não que eu não esteja bem sozinho. Pelo contrário: hoje, eu realmente posso abrir a boca para falar que estou bem. Embora concorde que sempre se pode melhorar.
Hoje à tarde me peguei assistindo um filme adocicadamente romântico. E suspirei no beijo final. Porque, de certa forma, é o que eu espero para minha vida amorosa. Não que eu queira passar por um grande problema e, no final, viver feliz para sempre. No final eu quero apenas me sentir feliz. Acompanhado e acompanhando.
Sábado passado fui ao cinema sozinho e me senti ser analisado. Por ter ido sozinho, recebi vários olhares. Os casais de namorados e os pares de amigos me olhavam da mesma forma com que apreciamos a estranheza. Mas, no final, me senti orgulhoso por ter ido ao cinema de um shopping em um sábado à tarde. Porque acabei encarando um dos meus medos.
Mas esse fato não fez com que eu tenha decidido viver só. Apenas passo a aceitar essa solidão da melhor forma possível. Não preciso convidar colegas insuportáveis ou fingir esperar alguém, na porta do cinema, que nunca vai chegar. Eu apenas fui comigo mesmo, viver uma vida que antes de ser dividida, deve ser apenas minha.
Apenas começo a aceitar o fato de que posso viver bem sem a loucura dos sentimentos. Agora, em relação à expectativa: isso, eu acho que nunca vou conseguir deixar de sentir. Mas, aos poucos, vou me tornando menos ansioso e mais realista. Se cada coisa deve vir a seu tempo, então o que posso fazer é apenas esperar.

terça-feira, 13 de setembro de 2005

Três

“Monogamia dói”. Foi essa a frase que eu li na parede de uma Universidade daqui. Mais tarde, quando chego em casa, conversando com um amigo, ele me pergunta se não estou “afim de um lance à três: eu, minha namorada e você”. Eu recuso. E ainda sou obrigado a ouvir a frase “Você é muito puritano”. Será que ficamos dependentes de uma terceira opinião?
Depois de visitarmos o W., a M. nos fala que o achou interessante, mas que não teria coragem de ficar sozinha com ele. Prontamente, me ofereço para ir ao cinema com eles. Agora, pensando bem, vejo que sugeri uma besteira. Por que a minha presença deveria facilitar as coisas? Por que achamos que a presença de uma terceira pessoa pode facilitar as coisas?
O mais engraçado é perceber quando a presença de um terceiro é válida. Se a relação está apenas se iniciando, ótimo. Mas quando ela já existe e surge uma terceira pessoa, normalmente, a sua presença não é bem vinda. Não que o problema seja o fato de ela estar lá, mas sim a ameaça (real ou não) que ela representa.
Se um relacionamento deve existir apenas entre duas pessoas, por que colocar uma terceira na história? Seja no início do namoro ou durante a relação sexual. Por fetiche?
Ao meu ver, a luxuria é necessária para o ato sexual (isso eu percebi há pouco tempo), mas eu só consigo aceitar isso, quando ocorre entre um casal, entre duas pessoas. Não sei se pelo fato da minha visão romântica do mundo, ou se pelo meu egoísmo de menino mimado, mas algo que é meu é apenas meu. Não conseguiria compartilhar com outra pessoa. Ficaria inseguro. “E se o sentimento que você sente por mim diminuir?” E essa é uma dúvida com a qual eu não conseguiria viver.
Pode até não ser assim, mas eu sou. Acredito que um relacionamento existe apenas entre duas pessoas. As amizades são necessárias, mas uma terceira pessoa na cama é outra coisa. Certos sentimentos não podem ser divididos.
Se a idéia de uma terceira pessoa passar pela cabeça de alguém, talvez já seja a hora de seguir em frente.

terça-feira, 6 de setembro de 2005

Tempo

Tarde da noite e alguém chega para me dizer que o tempo para. Impossível discordar externamente, porque o estado alcoólico do sujeito não era dos mais propícios para uma conversa. Porém, internamente, eu discordo. Acredito que o tempo não para. Só porque a sua vida parece estar estagnada, não significa que o tempo parou.
Todos os dias você segue uma rotina e é a partir dessa rotina que você estabelece sua vida (ou seria o contrário?). Em alguns determinados momentos você se vê diante de uma oportunidade de mudança que, como toda mudança, gera novas expectativas diante do futuro. A decisão tomada foi de única responsabilidade sua.
O problema da impulsividade (do qual sofro) me parece ser justamente esse: decidir baseado naquele momento, sem se preocupar muito com o futuro. Em alguns casos, a decisão tomada traz alguns benefícios, mas, na maioria das vezes, não ponderar as idéias acarreta conseqüências não tão boas, das quais somos obrigados a aceitar.
Somos obrigados a aceitar o erro. Pelo menos a reconhecer que erramos. Mas isso não significa que devemos cruzar os braços e fingir que está tudo bem. “O tempo não para”. Não se pode querer voltar o passado e reparar o erro, mas podemos tentar concertá-lo, ou amenizar os danos.
Mas talvez o problema seja reconhecer que errou. Para mim, pior do que errar é não reconhecer a besteira que foi feita. Hombridade, para mim, não é cuspir no chão ou coçar o saco, mas ter a decência de assumir seus atos e encará-los.

O tempo não para porque nós não paramos no tempo. Estamos sempre procurando realizar nossos desejos e concertar os erros cometidos. O tempo não para porque nós não podemos parar no tempo. Encarar os erros, enfrentar os medos; talvez essas sejam as soluções para a construção de um futuro.