segunda-feira, 29 de agosto de 2005

Lembranças

“Você nunca vacila ao enfrentar os problemas mais difíceis”. Essa foi a minha sorte de hoje no orkut. E, pela primeira vez, duvidei do que li. Porque sou inseguro e sempre vacilo diante de qualquer situação.
Acredito que seja inevitável passarmos por situações complicadas e, dificilmente, alguém abrirá a boca para dizer que algo é extremamente fácil. Acredito que faz parte do ser humano vacilar e que são os nossos erros que irão nos fazer aprender.
E tudo isso me parece fazer mais sentido depois de rever “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”. Depois de viver um história, os personagens resolvem apagar todas as lembranças que tinham juntos, mas inevitavelmente se reencontram e ao tomarem consciência dos seus erros passados, ainda assim resolvem (re)iniciar essa nova história.
Existem situações pela quais devemos passar, sejam elas boas ou ruins, porque serão essas situações que irão dar forma a quem somos. Nossa vida está muito mais ligada aos nossos erros do que aos nossos acertos. Acredito que sou o que sou hoje devido às minhas decepções, aos meus erros e às minhas vaciladas. E fico feliz que seja assim.
Saber que errei me reconforta porque me prova que tive coragem o suficiente para enfrentar algo. Nesse aspecto, posso dizer que, realmente, não vacilo, porque não tenho dúvidas: se for pra me arrepender, que seja por algo que tenha sido feito.
Mas não me arrependo.
Mesmo tento sofrido, mesmo tendo chorado, mesmo tento feito milhares de outras coisas (coisas boas e ruins); mesmo assim eu não me arrependo. Porque são essas coisas que me permitem dizer que, por alguns instantes, eu vivi. E foram justamente essas coisas que tornaram as minhas experiências inesquecíveis.
São as minhas lembranças que me completam.

quinta-feira, 25 de agosto de 2005

Paixões

“Tinha perdido na espera a força das coxas, a dureza dos seios, o hábito da ternura; mas conservava intacta a loucura do coração”.
Paixão vai ser sempre paixão. Independente da idade ou das coisas que já se viveu, a emoção de se apaixonar ainda permanece. Mas aí chega outro e diz: “Você deve aprender com os erros”. E se a lição que tiramos é de que a paixão é algo bom?
Por exemplo: em todas as vezes que me senti apaixonado, eu entreguei meus sentimentos mais do que deveria. Posso até não ter me entregue por completo, mas não me privei de sentir. Não sei se por desespero ou por pura paixão, mas eu não consigo ser superficial.
Conversando outra noite com um colega, ele me pergunta por que nunca tive nenhum relacionamento duradouro. Sem pensar, respondo o que sempre falo: “Não deu certo porque não era para acontecer”. Mas depois fiquei pensando: por quê não era para dar certo?
Acho que pelo fato de me entregar tanto, acabo esperando algo parecido. Mas é complicado esperar algo de alguém, porque cada um se entrega da forma que lhe convém.
Uma das poucas coisas que tenho certeza é de que não tenho medo de dar minha cara à tapa. Sinto que me tornei escravo da paixão, mesmo quando não existe ninguém por quem se apaixonar. Mas eu preciso dessa emoção. Sou escravo das paixões impossíveis, de relacionamentos complicados e de pessoas mais complexas ainda.
“Isso é a maior merda”. Foi o que o R. falou quando comentei sobre isso. E não discordo dele. Realmente isso não é muito bom. E o grande culpado novamente sou eu, por querer aquilo que é quase impossível. Impossível porque a paixão deveria ser algo mútuo e não unilateral. E mesmo quando eu sou avisado de que não devo me apaixonar, eu simplesmente não escuto.
Talvez eu precise mudar isso em mim. Com certeza eu preciso aprender a andar com calma, sem correr. O grande problema é que quando me oferecem a mão eu quero logo o braço. Sei que isso é atitude de criança mimada, mas saber ter paciência é uma grande virtude. Talvez seja assim, sendo paciente, que se consiga ser feliz, sabendo aproveitar a paixão e percebendo que também há amor.

quarta-feira, 24 de agosto de 2005

Informação

Esse blog surgiu do fotolog Subtle Invitation.
Só que a minha capacidade para escrever (¬¬) está diminuindo, por isso o grande intervalo entre um post e outro.
Já o fotolog é atualizado quase que diariamente.
Querendo conferir www.fotolog.net/subtleinvitation
Abraços,
Vítor Santos

sexta-feira, 19 de agosto de 2005

Acreditar

Acho que nunca suspirei tanto em minha vida. Nem quando estava apaixonado. Suspiro de tédio, de quem diz: “Meu Deus, é só isso?”. Esperar coisas de você mesmo não me parece mal nenhum, mas esperar algo de alguém... Isso sim começa a me parecer loucura. Mas será que conseguiríamos viver sem criar expectativas?
Conversando com o H. ontem à noite, ele me falou que não criava mais expectativas, que até poderia amar ou se apaixonar, mas sem criar expectativas. Será que isso é possível? Porque na minha visão, apaixonar-se também significa esperar algo de alguém.
Não sei se pela minha carência ou se pela minha própria personalidade, mas eu sempre espero algo das pessoas, geralmente coisas boas. E por conta disso, venho me decepcionando muito ultimamente, não por esperar demais dos outros, mas apenas por esperar o mínimo, o essencial. Mas aí pode ser um problema de perspectiva: o que eu julgo como mínimo pode parecer exagerado para alguém.
Enfim.
Será que eu tenho que me tornar um pouco frio a ponto de conviver com as pessoas sem esperar nada delas? Dificilmente conseguiria viver assim. Espero algo das pessoas porque costumo dar o melhor de mim (por mais brega que essa frase possa parecer). Mas seria muito estranho para mim conviver por conviver, porque eu preciso sentir que você é meu amigo e não apenas meu colega ou conhecido.
Talvez eu não deva parar de esperar algo das pessoas, mas sim perceber que o nada também é uma atitude que eu deva esperar...
Não consigo. Não consigo esperar pelo nada. Preciso acreditar que, em algum momento, algo acontecerá e me fará dizer: “Porra, que legal você fazer isso por mim”. Ainda acredito. Ainda acredito em coisas boas, em coisas que sei que deveria duvidar, mas eu simplesmente me recuso a me tornar um cético.
Uma coisa é acreditar naquilo que me convém, outra é me iludir por completo. Sei que ter uma ilusão consciente pode parecer loucura, mas é justamente assim que acredito. As minhas perspectivas emocionais diminuíram, mas não deixaram de existir. Minhas crenças ainda são de um sonhador.

quarta-feira, 10 de agosto de 2005

Diferenças

Seria banal demais começar falando que existe uma grande diversidade no mundo. Mas esse banal me parece a idéia apropriada para esse momento. Sabemos que há uma diversidade e, de certa forma, convivo bem com a maioria delas.
“Nossa perspectiva de vida é diferente”. Foi o que eu disse ao E. “E bem diferente mesmo”, foi o que ele me respondeu. Mas a ironia da conversa não é perceber essa diferença, mas sim aceitá-la. Eu consigo entender a perspectiva dele, mas ele não parece entender a minha.
Sempre me achei uma pessoa liberal, capaz de aceitar diversas situações. Mas agora eu percebo que aceitar uma situação não significa que eu me deixe fazer parte dela. Pelo contrário: consigo entender porque certas coisas acontecem, mas prefiro manter uma certa distância desses acontecimentos.
Talvez seja hipocrisia minha, mas (como já falei uma vez) tenho meus valores, que até podem ser ultrapassados, mas são eles que me sustentam. São eles que me definem da forma como eu sou. Mas isso não quer dizer que eu não possa revê-los. Pelo contrário: eu não os tenho como absolutos.
Mas, se para mim, é fácil entender (veja bem, entender) a perspectiva do outro, por que parece ser tão difícil, para os outros, tentar entender a minha?
Não acredito que exista uma forma de se viver, por isso que cada um vive da melhor maneira que lhe convém. E a nossa obrigação é, pelo menos, entender. Aceitar já é uma outra coisa, que geralmente acontece com a convivência.
Todos buscam a diferença e ninguém quer ser igual a ninguém no meio da multidão. Mas, ao meu ver, a multidão é parecida: cada um se acha um pouco mais certo que o outro. Mas mesmo discordando em alguns aspectos, podemos concordar em outros. Sempre vai existir o diálogo e é com ele que podemos chegar a um consenso.

Para uma boa convivência é preciso ceder, aceitar e bater o pé de vez em quando.

quinta-feira, 4 de agosto de 2005

Sexo

Tarde com os amigos. Inevitável fugir da “conversa de menino”. Tudo começou com o W. reclamando que a “namorada não cedia”. Depois, questionei ao W. e ao R. por que sempre tentam se aproveitar de um fica, esquentando-o, mas quando isso acontece, a menina não é mais vista como uma moça para namoro.
W. disse que gosta de um pouco de dificuldade, faz com que ele valorize mais. Já o R. disse que não tinha isso, que até preferia quando era mais fácil, porque o poupava de maiores esforços. Mas ambos restringiram uma relação apenas ao âmbito sexual. Por que temos a sensação de que sexo no primeiro momento pode atrapalhar o desenrolar de um relacionamento?
Uma vez disse que não iria me precipitar porque queria um segundo encontro. Nessa mesma hora, me disseram: “Por que você acha que isso pode evitar um segundo encontro?”. Instantaneamente, concordei, mas não acatei. Ainda não consegui me livrar totalmente desse preconceito interno.
Somos educados para acreditar que o sexo é algo ruim, quase proibido, mesmo quando somos submetidos a um bombardeio de atitudes sexuais. Nas histórias, o sexo sempre surge como algo proibido, mesmo sendo bastante prazeroso.
Cresci com essa sombra em mim: mesmo sentindo tesão, sempre me foi ensinado que não deveríamos nos deixar levar pelo impulso. É por isso que eu realmente concordo quando dizem que minha cama é fria. Meu maior problema é não me deixar levar pelos meus impulsos sexuais porque eu não quero ser visto como um objeto sexual, porque, nas profundezas das minhas paranóias, a lasciva é algo inapropriado ao amor.
O que eu preciso entender que os desejos fazem parte do amor. Quando se gosta, se deseja o outro, com todas as variações de carinho. Preciso entender que todo ser humano é passível de sentir desejos, e que não há mal nenhum nisso, porque significa que você consegue atender, em todos os aspectos, os anseios do outro.