sexta-feira, 29 de julho de 2005

Sonhos reais

“Passar alguns anos sozinho esperando encontrar uma pessoa realmente especial”. Será que as pessoas são realmente assim? Podemos ficar sós por um longo tempo, sem um relacionamento duradouro, mas sempre conhecemos alguém e nos permitimos tentar algo. Não ficamos completamente sozinhos.
Hoje, conversando com o E. pelo MSN, ele me confessa que está gostando de alguém e que esse sentimento também é correspondido, mas que ele tem medo. Fiz brincadeira, dizendo que ele estava com a faca e o queijo na mão, mas preferia alimenta os famintos com uma mão e cometer suicídio com a outra, deixando de lado a sua satisfação (e isso sem segundas intenções).
Às vezes, a solidão é necessária. Ela faz com que você reflita e reveja todos os seus planos. Mas solidão por tempo demais já faz mal: nos torna um utópico. Um sonhador apenas sonha e idealiza coisas possíveis. Um utópico sonha demais e agrega tantos detalhes ao seu sonho que ele acaba se tornando algo inalcançável.
Quando estamos sozinhos, imaginamos alguém que possa acabar com aquela solidão. Uma companhia que seja agradável e que te faça se sentir especial. Com o tempo, a solidão e os sonhos (acompanhados de um leve desespero) passam a modelar essa companhia. “Hum, gosto de quem tem olhos claros e uma boca rosada, com um sorriso que ecoe dentro de mim. Gosto de quem tem pele macia e cabelos que se assanham facilmente. Alguém que possa apreciar o pôr-do-sol e chorar diante de tanta beleza. Depois, ainda com os olhos úmidos, olha bem para mim, fala que me ama, me beija, me faz carinhos...”.
Essa imagem é linda. Mas começo a acreditar que existe apenas em filmes ou livros românticos demais.
Não sei se recobrei meu senso realista ou se, simplesmente, passei a sonhar menos, mas começo a acreditar que até os mais simples atos podem conter um carga romântica, desde que você ame ao outro e não à situação. E é isso que tenho procurado.
Se eu fosse a Branca de Neve também esperaria pelo Príncipe, mas sem descartar a possibilidade de quebrar o feitiço com algum camponês de bom coração.

quinta-feira, 21 de julho de 2005

Vítima e Algoz

“Parece que estou vivendo a vida de outra pessoa”. Essa foi a frase que escutei na música que tocava na novela. É engraçado, mas sempre que nos sentimos felizes, nunca achamos aquilo normal e passamos a duvidar. Já com a tristeza parece ser o contrário: quanto mais se sofre, mais parece que se quer sofrer. Será que todos temos uma alma masoquista?
A felicidade é sempre o objetivo de todos, porém nem sempre é alcançada; e quando é, nem sempre é aceita. Já a tristeza não, é aceita muito antes mesmo de existir: sofremos por antecipação.
Talvez isso ocorra porque sempre achamos que somos a vítima da situação. E o problema está justamente aí: somos vítima, mas também somo o algoz. Porém, o papel de vítima é mais cômodo.
Acho que comigo ocorre dessa forma: sempre me acho o culpado de tudo, sendo eu a minha própria vítima. E isso ocorre não porque odeie a mim mesmo, mas porque eu sempre acabo entendendo o outro lado, sempre conseguindo ver o lado bom dos outros. O meu espírito é de Pollyana.
Segunda-feira, acordei e disse para mim mesmo: “A partir de hoje, serei mal”. Não consegui. Passando em frente ao Detran, encontrei um desconhecido que havia acabado de fazer o teste de habilitação e havia passado. Na hora dei os parabéns e comecei a conversar, sempre sorrindo. Quando chegamos ao ponto do ônibus, ele vira para mim e diz: “Falou cara. Você é muito gente boa”.
Percebi que existem coisas que não posso mudar, mesmo que eu queira. Porque não é apenas que certas coisas façam parte de mim: eu sou elas. E tirá-las de mim é quase um suicídio.

quarta-feira, 20 de julho de 2005

Um momento

Hoje acordei e senti um gosto novo na minha boca. Como se a vida tivesse me dado a oportunidade de provar algo novo. E isso fez com que me sentisse bem o dia todo. Não que eu estivesse me sentindo mal, mas hoje eu me senti muito bem.
Passei a tarde com a M., e conversamos sobre isso. Ela acabou de sair de uma crise depressiva e está “tentando voltar à normalidade”, como ela mesma fala. Na hora, eu não falei nada, mas intimamente eu também me sinto assim. Não que eu esteja tentando voltar a um estado ou sair de uma depressão, mas eu finalmente começo a me sentir bem da maneira como estou.
Alguns precisam cair, pra aprender que podem levantar; outros precisam de uma desgraça, pra perceber que nada é tão ruim assim. Eu precisei cair no poço e me afogar por alguns minutos pra perceber que eu ainda sei nadar e, o que é mais importante, que eu posso fazer isso.
Andei cinco quarteirões com um sol de duas da tarde no céu, e em nenhum momento eu reclamei (coisa que com certeza eu teria feito anteriormente). Aproveitei o sol, o vento e os carros que vinham em direção contrária a minha. Não que eu tenha pensado em me jogar sobre nenhum, mas caminhar contra o fluxo me serviu: de certa forma, passei a acreditar que posso seguir um caminho, mesmo que me pareça ser o contrário, é aquele caminho que devo seguir para chegar onde acho que seja o meu lugar.
Sei que todo esse texto pode parecer “a fuga de um garoto”, mas foi assim que me senti, e foi isso que tornou a minha tarde tão agradável. Foi uma das poucas vezes que eu me senti feliz o bastante para ser feliz, sendo eu mesmo.
Só faltou uma chuva no final da tarde, porque aí eu teria a sensação, interna, de que a minha alma também estaria sendo lavada, seminova. Na última semana, eu acreditava que precisava de uma nova vida, mas hoje eu percebo que posso continuar vivendo a minha antiga vida. Porque eu poderia até me dar uma nova vida, mas o cenário seria o mesmo e, inevitavelmente, eu continuaria igual.

segunda-feira, 18 de julho de 2005

Cobranças

“Não se pode amar por caridade ou por orgulho, senão cobraremos. O amor não é versão de Windows que é atualizado a cada ano para girar mais rápido. O amor é lento mesmo”. Essas frases fazem parte do texto publicado pelo F.C. em seu blog.
Ultimamente, eu sinto que foi justamente isso que eu fiz: cobrei. Concordo que isso não foi o mais correto, mas foi o que eu fiz. Sofro de um mal terrível: duvido de tudo. Sou quase um São Tomé. Admito que isso me causa alguns problemas, porque nem sempre as pessoas estão dispostas a te provar algo.
Cobrei. Não por amar por caridade, mas por precisar de amor. Não cobrei por orgulho, porque admito que sou fraco e preciso de alguém que me ame. E o pior de tudo é que cobrei atenção, apenas; mas tenho a leve impressão que pareceu que cobrei algo mais que isso.
Conversando com O Moço ontem à noite, eu disse: “Eu preciso ver para crer”. De ontem para hoje, o meu pensamento mudou um pouco. Às vezes, é preciso crer para se poder ver. Mas, é como ele mesmo disse: “Às vezes, acreditamos que algo é a verdade, mesmo que ela não seja”.
E isso é verdade. Percebi que quando acredito que alguma coisa é verdade, ela assume essa característica para mim, mesmo não sendo. Tudo isso é culpa da minha imaturidade, da minha insegurança e das minhas paranóias.
Talvez eu precise cobrar mais de mim mesmo do que dos outros. Ou talvez eu não precise cobrar nada de ninguém. As coisas simplesmente precisam acontecer, sem forçar nada. Mas é difícil se convencer disso quando assumimos nossa carência. Eu sei que ninguém é obrigado a nada, mas eu continuo me obrigando a acreditar que sempre devo fazer algo.
Mas chega um momento em que precisamos de atenção. Quando chegamos ao ponto em que admitimos que precisamos da atenção de outro, é porque já estamos cheios de nós mesmos. Eu sinto que é como se eu precisasse me dividir com alguém. Não desabafar, mas me dividir mesmo: não dando uma parte de mim para o outro, mas recebendo tudo aquilo que me for dado.

sábado, 16 de julho de 2005

Mudanças

“Como você reage diante das mudanças na sua vida?” Dessa forma, bem direta, o E. me fez essa pergunta hoje. Provavelmente, eu respondi que as mudanças são necessárias. De certa forma, eu realmente acredito nisso, mas depois fiquei pensando: às vezes, estamos vivendo um ótimo momento, mas ocorrem algumas mudanças que modificam toda aquela sua realidade. Esse tipo de mudança realmente é necessária?
As mudanças geralmente são ruins porque já estamos acostumados a viver de uma forma, condicionados a uma determinada situação. Tudo bem, talvez condicionado não seja a palavra. Nos acostumamos com uma rotina. E, novamente eu me pergunto: isso não é uma forma de conformismo?
Acostumar-se com o seu cotidiano não é o problema, mas sim não aceitar que ele mude. Para mim, é inadmissível acreditar que sua vida aos oitenta anos será igual a sua vida aos vinte: mudanças ocorrerão (de uma forma que nós não perceberemos de imediato).
Ontem estava conversando com minha mãe. Falei para ela que estava me sentindo preso em minha própria vida. Talvez seja por culpa do ócio das férias, talvez seja pela falta de motivação interna, mas talvez também seja pelo fato de que, nas últimas semanas, eu me sinto exatamente igual, sem nenhuma mudança.
Não que eu queira mudar de personalidade, ou ser uma nova pessoa (uma versão 2006 de mim mesmo). Mas, como eu disse, acredito que algumas mudanças são necessárias. Porque são as mudanças que vão te colocar em contato com coisas diferentes, novas.
Mas eu sempre entro em contradição.
Fico aqui escrevendo sobre mudanças, mas intimamente só consigo pensar em voltar ao estado que me sentia antes, à situação que vivia anteriormente.
O meu erro, e a minha pretensão, é justamente querer mudar uma situação que acabou de começar. É como querer mudar o atual com uma mudança (ou uma antiga novidade, por que não?) que já ocorreu e já passou. Não que o que vivo atualmente seja ruim; pelo contrário, parece que será muito bom para mim.
O que me consome não é a realidade, mas sim o sonho que ainda não vivi.

quarta-feira, 13 de julho de 2005

Tempo

Todos os dias fazemos coisas que foram programadas no dia anterior. Mas, às vezes, deixamos de fazer algo ou adiamos, talvez porque sempre acreditamos que temos o dia seguinte. Talvez isso ocorra porque as pessoas se julgam eternas, inacabáveis.
Um pensamento, compartilhado por mim, meu pai e minha irmã, é de que morreremos cedo. E mesmo com essa sensação, nós continuamos adiando algumas coisas. Não temos o desespero da eternidade, apenas convivemos juntos, da melhor forma que podemos, para que as lembranças, essas sim, possam ser eternas.
Talvez o nosso pensamento, que nos leva a fazer uma coisa ou não, não esteja ligado à idéia de fim, mas apenas ao início e ao durante. Talvez nós sejamos tão hedonistas a ponto de fazer apenas aquilo que nos agrada. Sempre esquecemos que algo também deve ser feito para agradar ao outro.
Dificilmente alguém pede desculpas, e depois de um erro, continuam com uma convivência frouxa, leve, acreditando que naturalmente a outra pessoa irá te perdoar, porque achamos que os nossos atos futuros irão compensar os erros cometidos. Mas, se de repente, a outra pessoa deixa de fazer parte da nossa vida, como fazer para pedir desculpas ou conseguir o perdão? Estaremos fadados a conviver com isso.
Uma idéia que entrou na minha cabeça nos últimos dias é de que todo começo só existe porque também há um final, mas, tolamente, insistimos em acreditar no contrário. Forçamos para que as coisas em nossa vida só tenham começo, principalmente as coisas boas. Mas é inevitável que um dia elas acabem, para que assim, possam começar outras.
Precisamos aceitar o fato de que somos perecíveis, e de que tudo também é. Não podemos adiar nada: tudo deve ser feito naquele exato instante em que sentimos que deve ser feito. Se encararmos o fim como um recomeço, talvez possamos desistir da idéia de eternidade. Honestamente, eu não pretendo viver muito, apenas o tempo suficiente para compartilhar algo com as pessoas com quem eu convivo.

segunda-feira, 11 de julho de 2005

Início de Relacionamento

Os relacionamentos realmente podem ser algo que acontecem em nossas vidas de uma forma tão intensa que pode nos assustar. Não adianta encontramos a pessoa certa, quando não estamos abertos para isso, o relacionamento simplesmente está destinado a falhar.
Por mais que se chore de solidão, ela é necessária. É com elas que conseguimos nos conhecer melhor. Depois sim, quando saímos da fase depressiva e deprimente, eventualmente encontramos a pessoa certa (pelo menos uma que nos agrada de uma forma bastante confortável).
Só que o início de um relacionamento é realmente um problema, porque, no princípio, a situação é realmente agradável, mas depois de um tempo, tudo caí na mesmice. No início, fazemos de tudo para conquistar o outro, e adoramos ver o esforço que é feito para nos agradar. Só que quando conseguimos conquistar e ser conquistado, acaba a fase dos agrados e começa a fase da verdade: acabam os mimos e os dengos e inicia-se a fase da real convivência. É aí que passamos a conhecer, realmente, o outro. Em alguns casos, o relacionamento pode se transformar em algo como “sexo entre amigos”.
Então, inicialmente, antes mesmo de pensarmos em algo sério, deveríamos fazer algumas perguntas, de forma bem direta:
1ª: Você realmente está disposto a me amar?
2ª: Eu posso confiar em você?
3ª: Você promete que sempre haverá respeito?
4ª: Podemos prometer que jamais vamos deixar isso cair na rotina?
Essas perguntas realmente deveriam ser feitas: não basta percebemos isso no comportamento ou aceitarmos as palavras ditas num momento de carinho. A confiança não deve surgir apenas baseada em algo subjetivo; às vezes, precisamos de coisas concretas, porque serão em cima delas que o abstrato irá ser sustentado.
Eu acredito que o amor pode ser algo real, desde que exista entre os dois e não apenas em um. Talvez a solução esteja na confiança e na consideração.

Isso pode até parecer o discurso de um romântico piegas: pois então que seja.

sexta-feira, 8 de julho de 2005

O Imprevisível

Acho que desde sempre soube o que queria. Talvez esse seja o meu problema: ter uma visão objetiva, mesmo sobre assuntos subjetivos. Talvez seja por isso que eu olhe para as pessoas e ache que elas são tão mais felizes do que eu. Não que eu tenha graves problemas na minha vida, mas simplesmente não consigo me livrar dessa apatia que toma conta de mim. E, infelizmente, admito que isso é culpa do meu romantismo.
Aos dezesseis anos eu descobri e me entreguei a esse sentimento. Não que eu tenha amado, porque hoje eu admito que não amei, mas aquele foi o primeiro contato que eu tive com esse sentimento. Desde então, passei a acreditar que a minha felicidade só estaria completa se conseguisse preencher esse vazio.
Nesses quatro anos, eu ainda não vivi nenhuma experiência sublime, mas em alguns momentos eu me deixei levar por emoções e sentimentos que, hoje, são minhas referências para paixão e amor. Olhando bem para esse passado, eu percebo que só consegui me sentir daquela forma quando as coisas aconteceram de uma forma inesperada, quando eu me senti tomado e me deixei conquistar.
E é engraçado perceber isso, porque todas as vezes que eu conheci alguém e tudo aconteceu de uma forma planejada, eu não consegui sentir mais do que carinho.Infelizmente, sou vítima das minhas emoções, e preciso de coisas súbitas, fortes e que me surpreendam. O previsível, o planejado, o comum não me atrai.
É vergonhoso admitir, mas eu sinto que eu preciso conviver com o imprevisto, preciso ter uma interrogação que, inesperadamente, se transforme numa exclamação que tome conta de mim por alguns instantes. Eu sinto que o meu amor e a minha paixão nascem do susto. E eu quero mais é viver esse imprevisível e sentir o novo.

segunda-feira, 4 de julho de 2005

Severidades

“Palavras categóricas e ásperas são sinal de uma causa infundada”. Essa foi a minha sorte do dia no Orkut. Infelizmente, sou obrigado a concordar que algumas das minhas palavras são categóricas e ásperas. Mas eu não consigo perceber qual é a minha causa infundada.
Hoje pela manhã, por exemplo, conversando com o E. pelo MSN, ele me mostra um texto de um desses fóruns na internet, sobre um fanático religioso que se posiciona contra o homossexualismo. Depois da leitura do texto, digo que o cara que o escreveu provavelmente é uma bicha reprimida, que vive infeliz com seus pais e acha que conseguirá ser feliz se reprimir suas vontades e desejos.
Posso até não ter sido categórico nessa afirmação, mas com certeza fui áspero, com uma pessoa que não merecia. E talvez isso ocorra porque eu já vivi certas coisas que me tornaram áspero. Talvez a minha causa infundada seja aquilo que eu uso de argumentos para a minha aspereza.
Por exemplo, quando eu tinha nove anos, uma mãe me chamou com o pretexto de que queria me apresentar seu filho. Só que quando a tal mãe nos colocou cara a cara, ela simplesmente começou a me julgar, me usando de exemplo: “Olha bem pra ele. É por isso que a mamãe não quer que você brinque com coisas perigosas, para não se machucar” (referindo-se ao problema com meu olho).
Lembro que quando isso aconteceu, fiquei sem saber o que fazer e o que dizer. A única atitude que consegui tomar foi sair. E desde esse dia eu me preparei, me armei. Hoje, se eu sou atrevido e áspero, acho que, em partes, é apenas um dos resultados de histórias como essa.
Talvez a minha causa infundada, que me faz dizer palavras ásperas e ter respostas para tudo, esteja relacionada a esse medo: medo de que alguém me pegue desprevenido e que me faça sentir aquela sensação de inferioridade novamente. Não que eu me sinta reduzido por isso, porque eu convivo bem com meu problema; mas mais pelo fato de não deixar que o outro me veja como um reduzido.

O problema não é você se reconhecer como algo, mas sim o outro o ver como tal. As primeiras impressões ficam, por mais falsas que elas sejam. E o outro nos vê da forma como nós nos mostramos.

sexta-feira, 1 de julho de 2005

Insegurança

“Acho”.
Foi a resposta que O Moço me deu após me falar da sua adolescência, referindo-se ao fato de que eu (assim como ele quando tinha vinte anos) me acho auto-suficiente. Imediatamente discordei dessa afirmação, porque eu me sinto totalmente incompleto.
Mas, honestamente, não foi essa afirmação que me incomodou. Fiquei pensando por que precisamos imaginar algo à respeito das pessoas, criando pré-conceitos e admitindo que eles são a verdade. Por que simplesmente não conseguimos aceitar o outro na exata maneira como ele se mostra ser?
Uma das minhas desilusões ocorreu justamente dessa forma: o simples ato de cortar as unhas foi entendido como indiferença diante da conversa. Freud, ao ser pego pelos seus alunos fumando um charuto, disse: “Às vezes, um charuto é só um charuto.”. Por que achamos que sempre há algo mais por trás de todas as coisas?
A única explicação que encontro para isso é a insegurança. Todos (leiam bem, TODOS) somos inseguros. O que acontece é que alguns conseguem disfarçar melhor ou simplesmente o outro não consegue perceber essa insegurança.
“O seu sorriso não disfarça”.
Concordo. O meu sorriso não disfarça porque não há nada para ser ocultado. Eu não quero esconder as minhas fraquezas. Quero mais é que todos as percebam, porque são elas que fazem com que eu seja a pessoa que todos conhecem. Pode até ser que o meu sorriso consiga disfarçar a minha tristeza, mas os meus atos me entregam.
Se existe algo que quero preservar é a minha insegurança, porque eu sinto que é ela que me faz procurar o apoio que eu preciso. E eu acredito que esse apoio não está em mim... Eu não conseguiria ser o único responsável pela minha vida.